Sem A Parede, Pedro Luís canta memórias

Em vocabulário de música brasileira, as palavras "e a Parede" significam, desde 1996, quase estritamente o sobrenome de Pedro Luís.

Por que raios então o músico carioca haveria de colocar de molho o grupo que o acompanha desde a estreia em disco e assinar o recente álbum "Sonho de Menino" com um solitário Pedro Luís?

"Foi mais por prazer, simplesmente, do que por alguma questão psicanalítica de autoconhecimento, ou de me entender sozinho", diz. "Agora, eu me permiti vagar por territórios que não caberiam em projetos coletivos."

Esses territórios Pedro mostra ao vivo, hoje e amanhã, no Sesc Vila Mariana.

No palco, a enxuta banda de apoio tem Leo Saad (guitarra), Guila (baixo) e Marcelo Vig (bateria). Zé Renato e Roberta Sá, que estão na ficha técnica do disco, vão emprestar suas vozes ao show -ele canta hoje, e ela, amanhã.

O sentimento de autobiografia íntima que exala do nome "Tempo de Menino" pode ter alguma culpa no afastamento -temporário, vale reforçar- de Pedro e Parede.

Nas canções do disco, o Rio de Janeiro faz a costura entre todos os tempos do artista.

Estão lá as memórias da infância na Tijuca, onde o artista foi criado -sobretudo na ótima faixa-título, cantada com Erasmo Carlos, um dos tijucanos mais célebres.

Também estão os dias atuais -e os próximos-, em canções como "Rio Moderno", parceria com Carlos Rennó.

Não por acaso, as fotos da capa mostram o músico nas ruas do Centro carioca. "O que é a av. Presidente Vargas se não a ligação entre Zona Norte e Zona Sul, meu passado e meu futuro?", pergunta.

Ainda assim, Pedro garante que foram questões musicais -e nunca temáticas- que o levaram a querer fazer o álbum sem A Parede. (MP)

PEDRO LUÍS
QUANDO hoje, às 21h, e amanhã, às 18h
ONDE Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/xx/ 5080-3000)
QUANTO R$ 32
CLASSIFICAÇÃO 12 anos