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Grupo editorial Record anuncia reestruturação

Há 15 anos na casa, diretora editorial Luciana Villas-Boas pode deixar cargo

Maior conglomerado do setor, que faz 70 anos em 2012, viveu crise após perda de Drummond para rival

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

O grupo editorial Record, o maior do país, vai anunciar hoje uma reestruturação.

Embora a direção não confirme, é provável que a mudança envolva a saída ou perda de poder da diretora editorial, Luciana Villas-Boas.

Há 15 anos no cargo, Villas-Boas tem sido no período uma figura poderosa no universo do livro no Brasil -enquete com especialistas realizada pela Folha em 2006 a apontou como a segunda pessoa mais influente do mercado editorial, atrás somente do editor e dono da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz.

Além do desgaste natural pelo tempo na função, um desentendimento com o comando da empresa no ano passado enfraqueceu Villas-Boas.

Segundo a Folha apurou, a perda para a Companhia das Letras dos direitos de publicação da obra de Carlos Drummond de Andrade gerou uma crise no grupo, causando o afastamento temporário da diretora -o fato não foi divulgado à época, e ela depois reassumiu o cargo.

Assim como Jorge Amado, autor que a Record já perdera para a Companhia em 2007, Drummond tem potencial de vendas tanto para o setor educacional quanto para o comércio tradicional.

Questionada sobre o episódio, a vice-presidente do Grupo Record, Sônia Machado Jardim, disse: "Ela se sentiu culpada no momento em que perdemos o Drummond, como se pudesse ter feito alguma coisa para evitar. Ela ficou muito aborrecida, e nós também, mas não houve nada concreto".

Indagado se Villas-Boas continuará no cargo, o presidente do grupo, Sergio Machado, afirmou: "Não posso confirmar nem negar isso. Todo funcionário meu está... Se você me disser se a Ana de Hollanda continua no ministério, eu te respondo a essa pergunta, é a mesma coisa".

"Só posso te adiantar que a gente vai fazer uma reestruturação, e vamos anunciá-la na quinta [hoje]", completou.

Outros fatores contribuem para a instabilidade da diretora. Um deles é a discrepância entre os poucos títulos do grupo nas listas de best-sellers e os vários livros de editoras menores e novatas.

No fim de 2012, a editora Record, carro-chefe do grupo, faz 70 anos. O conglomerado reúne casas como José Olympio, Civilização Brasileira, Bertrand e Best Seller.

Procurada pela reportagem, Luciana Villas-Boas disse anteontem que continua no cargo e que o anúncio de hoje seria "só para mexer uma coisinha ou outra".

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