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Crítica romance

"Minha Irmã, Meu Amor" transforma lixo dos tabloides em alta literatura

ESPECIAL PARA A FOLHA

O primeiro contato que tive com a literatura da escritora americana Joyce Carol Oates foi na biblioteca de uma escola pública, em 1991.

A biblioteca tinha muitos exemplares de uma antologia de contos fruto de um concurso literário. O conto de Oates era laureado com o primeiro lugar.

A trama falava de uma professora que degringolava a própria vida, tomando remédios de variadas cores e tamanhos, além de álcool.

Não lembro como era o título do conto em português na antologia. Lembro que gostava mais do título original que, acredito, em tradução direta, era "A Morte dos Sonhos".

"Minha Irmã, Meu Amor", livro da autora publicado recentemente, é outra trama de fôlego de Oates.

A partir de um caso real de grande repercussão na imprensa em 1996, o assassinato de JonBenet Ramsey, de apenas seis anos, a autora cria a história da prodígio patinadora Bliss Rampike, também de seis anos, e seu irmão mais velho, Skyler Rampike, que narra o livro.

A escritora transforma a narração num grande quebra-cabeça onde as peças são notas explicativas de rodapés, retângulos negros que indicam apagamentos na memória do narrador, chamadas jornalísticas, enquete para se assinalar opções, locução de apresentação da pequena patinadora, cartas etc.

Não esperava encontrar referências entre Skyler e a professora do conto "A Morte dos Sonhos". Mas, além do tom confessional, Skyler, assim como a professora, também faz uso de psicotrópicos. Oates revisita seus passos.

Desfila com refinamento na passarela da mais rica prosa de ficção dos EUA ao reciclar o lixo dos noticiários dos tabloides em literatura de alto nível. (CLÁUDIO PORTELLA)

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MINHA IRMÃ, MEU AMOR
AUTORA Joyce Carol Oates
EDITORA Alfaguara
TRADUÇÃO Vera Ribeiro
QUANTO R$ 67,90 (624 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo

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