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Joyce Oates mistura sexo e perdedores Em "Pássaro do Paraíso", que sai em fevereiro no Brasil, escritora cria drama familiar a partir de um assassinato Autora diz que viria à Flip se fosse convidada e que Obama ainda é melhor opção para enfrentar republicanos RODRIGO LEVINOEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA” Em novo romance lançado no Brasil, a norte-americana Joyce Carol Oates retoma o interesse por perdedores em uma trama que envolve sexo, crime e família. É comum, quando se fala dessa escritora de 73 anos, destacar como ela é prolífica. Não é à toa. Já lançou mais de 70 livros, de contos a ensaios literários, livros infantis, peças de teatro e romances. E o fôlego parece não se esgotar. "Pássaro do Paraíso" (Alfaguara), lançado nos EUA em 2009, que sairá no Brasil no início de fevereiro, tem quase 500 páginas. No livro, a escritora trata de um tema que lhe é caro: gente atingida por pequenas desgraças, a quem foi negado o direito de triunfar. Como de costume, acrescenta a isso alto teor sexual -mas não explícito. "Escritores sérios -e eu me incluo entre eles- como Richard Ford e Tobias Wolff escrevem há décadas sobre esses personagens desafortunados, pelos quais tenho muito respeito", disse ela em entrevista à Folha. Sobre a estreita ligação entre o sexo e a tragédia no livro, ela sentencia: "Sexo pode ser altamente irracional, até mesmo despropositado". A afirmação dá força à cadeia de equívocos na qual se envolvem os protagonistas. Em "Pássaro do Paraíso", os desafortunados a que ela se refere são a garçonete que sonha ser famosa em Las Vegas e aos poucos se distancia da família; um operário que mantém um caso extraconjugal e, do dia para a noite, passa a ser suspeito do assassinato da amante; os filhos de um casamento desfeito pelo crime e a paixão inesperada que nasce desses escombros. "A tragédia essencial do livro é que um homem inocente é perseguido pela Justiça. Coisa muito comum nos Estados Unidos, aliás", diz ela, comentando sobre Eddy Diehl, em torno do qual orbitam os dramas do livro. O mais tocante deles é protagonizado por Krista, sua filha. Devotada ao pai, a adolescente reconstrói todos os dias na lembrança a repercussão do crime que dissolveu sua família e escorraçou Eddy de Sparta, a pequena cidade fictícia onde a vida alheia é o único tema de interesse geral. Ao longo de 20 anos, a escritora acompanha a personagem na tentativa de compreender onde foi que tudo começou a ruir. Ela não nega a redenção a seus personagens. No caso, surge uma paixão inesperada de Krista por Aaron, o filho de Zoe, de cuja morte o pai dela é suspeito. Como se pudesse assim reparar o passado. FLIP E VOTO Indagada sobre uma possível vinda à Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, a escritora não fechou portas: "Não tenho viajado muito, mas acho que eu iria, caso fosse convidada". A respeito de política, diz que mantém posições pró-democratas. "Eu sei que Barack Obama decepcionou alguns liberais, mas ele ainda é a melhor opção frente a qualquer reacionário que os republicanos venham a indicar para a disputa."
PÁSSARO DO PARAÍSO |
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