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Folhateen

Amado mestre

O envolvimento amoroso entre alunas e professores é um tabu, mas ele existe e já formou muitos casais

RODRIGO LEVINO
EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Não são raros os casos de envolvimento entre professores e alunas. Eles existem na vida e na ficção -em romances, filmes e novelas.

Em "Fina Estampa", da Globo, Patrícia (Adriana Birolli) e Alex (Rodrigo Hilbert), aluna e professor, mantêm um romance assumido para a família e os amigos, não muito distante da realidade.

"Há um fascínio do professor sobre os alunos. É normal admirarmos quem nos ensina", afirma a atriz ao "Folhateen". Ela, porém, contou nunca ter vivido algo assim.

Em escolas, cursinhos e faculdades, as histórias circulam aos sussurros. Mas quase nunca os envolvidos estão dispostos a falar.

É quando o romance vira memória, ou um relacionamento duradouro, que os impedimentos desaparecem. Aí, os casos vêm à tona.

Foi assim com C., 21, e M., 37. Juntos há dois anos, eles se conheceram na universidade, em Porto Alegre. Mas o namoro veio a público agora, quando C. concluiu o curso.

"Antes, assumir o namoro colocaria em risco o emprego dele e a minha privacidade", avalia ela, que foi quem tomou a iniciativa no flerte.

No caso da carioca Amanda Meirinho, 23, o tempo que ela precisou esperar foi o de a gravidez dar na vista.

Em 2008, após dez meses com Bruno Santiago, 39, seu então professor de produção editorial na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Amanda não conseguiu esconder o relacionamento -os dois já moravam juntos- nem disfarçar Arthur, que estava para nascer.

"Não sei se foi por causa da gravidez, mas nunca me senti julgada ou constrangida pelos colegas. Bruno muito menos, nem pelos professores nem pelos alunos", conta. Os dois estão casados.

AS IMPLICAÇÕES

Como qualquer história de amor, não é sempre que as surgidas em salas de aula terminam bem. Há questões éticas que dão contorno de drama ao assunto.

É correto um professor se envolver com uma aluna? A partir de que idade isso pode ser considerado normal? A que tipo de riscos uma garota se expõe? Qual é a responsabilidade do docente? Por que isso acontece?

"Não é sempre, mas a relação entre professor e aluna tem um quê de pai e filha. É ele a pessoa que ensina e guia, despertando uma espécie de atração que pode se converter em interesse sexual/amoroso", explica o ginecologista Amaury Mendes, 60, membro da Sociedade Brasileira de Sexologia.

Ouvidos pelo "Folhateen" sob a condição de anonimato, professores se dividiram sobre o assunto e destacaram que escolas e faculdades vetam esse tipo de relação ou pedem que sejam evitadas.

Se a relação acontece ainda no colégio, pode se tornar abuso de poder, avaliaram alguns professores.

A própria lei trata o envolvimento de um adulto com alguém menor de 14 anos como crime. Induzir um adolescente a atos sensuais é corrupção de menores e pode render de dois a cinco anos de prisão.

A Justiça entende que, aos 15 anos, uma garota tem capacidade de fazer escolhas.

M., 24, conta que começou a namorar seu professor de vôlei aos 17.

Para a família foi um choque. Todos conheciam R. desde a infância de M. O sexólogo Mendes diz que "é preciso ter calma e não se alarmar".

"A família tem de tentar compreender o momento pelo qual a filha passa e ouvi-la, independentemente de aprovarem a relação."

O segredo é o diálogo. Ter abertura para falar dessas coisas em casa funciona como uma rede de apoio.

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