Crítica MPB

Sem barulho nem brilho, A Banda Mais Bonita da Cidade lança álbum de estreia

Ninguém ficou sabendo, mas o disco de estreia de A Banda Mais Bonita da Cidade já está nas lojas desde os primeiros dias deste ano.

Tanto silêncio não combina nada com o estrondo que os curitibanos causaram na rede no ano passado com o clipe "Oração" -aquele em que um jovem melancólico caminha por uma casa até encontrar os colegas fazendo uma festinha de paz e amor na sala, lembra? Lembra.

"Oração" está no disco, claro. E ganhou um arranjo ainda mais insuportável do que o original. É preciso orar muito para tirar a música da cabeça depois de ouvi-la.

Mas seria injusto dizer que o disco inteiro é assim, tão grudento. As outras faixas são melhores do que "Oração", como eles já mostraram em apresentações ao vivo.

Não que sejam brilhantes, mas há algumas boas tentativas, como "Nunca" (Vitor Paiva) e "Se Eu Corro" (Luiz Felipe Leprevost), que responde ao clássico jovem- guardista "Por Isso Corro Demais", de Roberto Carlos.

Na versão dos meninos de Curitiba, "se eu corro demais, demais só pra te ver, meu bem, é que eu quero socorro". E o iê-iê-iê vem comportado, amansado em folk, como em todos os arranjos.

O maior nó do trabalho é o clima de encenação que se revela no correr das faixas. Com sua voz bonita, Uyara Torrente parece estar criando um personagem diferente para cada canção. E isso tira a sinceridade das interpretações e, junto, a unidade do álbum.

A produção foi paga em esquema de "crowdfunding": os fãs financiam as faixas numa espécie de vaquinha pela internet. Todos esses "investidores" estão devidamente agradecidos no caprichado livreto que encarta o CD.

Quem não gostar do disco já sabe com quem reclamar.

A BANDA MAIS BONITA DA CIDADE
ARTISTA A Banda Mais Bonita da Cidade
LANÇAMENTO independente
QUANTO R$ 30, em média; download gratuito em abandamaisbonitadacidade.art.br
AVALIAÇÃO regular