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Crítica Drama Clint Eastwood filma retrato do ambíguo e lendário criador do FBI Longa narra luta pelo poder realizada por J. Edgar Hoover durante os quase 50 anos em que esteve à frente do órgão Talvez esse homem ambíguo possa ser mais bem visto no momento em que coloca em seu corpo o vestido da mãe CRÍTICO DA FOLHAÉ em dois tempos que Clint Eastwood visita a biografia de J. Edgar Hoover (1895-1972), o lendário diretor do FBI por quase 50 anos. Existe por um lado o jovem John E. Hoover, cheio de ideias para tornar científica a busca de criminosos em geral e de esquerdistas em particular -que, estava seguro, queriam acabar com os EUA. É possível não concordar com suas ideias, mas esse primeiro Hoover, tal como visto por Clint Eastwood, é antes de tudo alguém afinado com um ideal de América. O segundo Hoover já assinava J. Edgar. Nós o encontramos maduro, pouco disposto e pouco capaz de compreender as mudanças de um mundo que, para ele, se tornou opaco. Paranoico, confunde luta por direitos civis com subversão. É a montagem paralela, aproximando as duas épocas tão diferentes, que nos lança no labirinto de um homem e no labirinto de um país. Em 1919, a crença de Hoover de que os valores americanos são incontestáveis e justificam a expulsão dos estrangeiros parece partilhada por todo o país. Com a luta contra o gangsterismo, nos anos 1930, não será diferente. Porém, ali já surge a raiz da decadência desses valores. Hoover lamentará profundamente. No entanto talvez não tenha havido maior agente desse processo do que ele próprio. Pois tudo começa e termina como uma feroz luta pelo poder. Se um novo presidente, chame-se Roosevelt ou Kennedy, tem a intenção de tirá-lo do cargo, será confrontado a um dossiê minucioso, de enorme baixeza, capaz de arruinar sua carreira. Foi Hoover quem o preparou. Existe uma série de imagens significativas desse poder: enquanto um desfile triunfal leva o novo presidente à Casa Branca, perto dali, na sacada da sede do FBI, Hoover observa sua passagem. Mas o que contempla é seu próprio poder. Isso acontece com Roosevelt, em 1933, e com Nixon, em 1969. O que aconteceu nesse meio-tempo? O homem envelheceu, ganhou um passado, enquanto o país mudou e renegou seus valores. Talvez esse homem ambíguo, num século ambíguo, possa ser mais bem visto no momento em que coloca em seu corpo o vestido da mãe. (Existe outro aspecto: a homossexualidade de Hoover. A maneira magistral como Clint aborda sua vida privada seria assunto de um artigo à parte). J. EDGAR DIREÇÃO Clint Eastwood PRODUÇÃO EUA, 2011 COM Leonardo DiCaprio, Josh Hamilton, Naomi Watts ONDE Anália Franco UCI, Vila-Lobos Cinemark e circuito CLASSIFICAÇÃO 12 anos AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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