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"Augustas" mostra jornada por rua paulistana famosa

Filme de Francisco Cesar Filho, que estreia hoje em Tiradentes, traz Mário Bortolotto em busca existencial

"Augusta é redoma que permite a pessoas de classes sociais distintas andarem na mesma calçada", diz diretor

MATHEUS MAGENTA
ENVIADO ESPECIAL A TIRADENTES (MG)

"As lojas elegantes, o alto comércio e a sofisticação das pessoas fizeram desta rua o local onde se mesclam tipos excêntricos nem sempre da alta burguesia", descreve o narrador de "Esta Rua Tão Augusta", curta de 1968 do cineasta Carlos Reichenbach sobre uma das vias mais famosas de São Paulo.

Mais de 40 anos depois, o curta serve de introdução e paralelo ao ambiente de "Augustas", que será exibido pela primeira vez hoje na Mostra de Cinema de Tiradentes.

No longa, um jornalista desempregado e a companheira empreendem uma jornada por uma Augusta mais recente, de pessoas que vivem em cortiços, trabalham em salões de beleza ou bordéis e comem em bares pés-sujos.

"A rua Augusta é uma redoma que permite a pessoas de classes sociais e econômicas distintas andarem na mesma calçada. Isso não acontece no resto de São Paulo, cada vez mais segmentada", afirmou Francisco Cesar Filho, diretor do longa.

ATEMPORAL

A preocupação dele foi construir uma rua Augusta atemporal. As filmagens foram realizadas em 2008 (com celulares e carros modernos), mas orelhões vermelhos e fitas VHS circularam pelo set, já que "A Estratégia de Lilith", livro de Alex Antunes que inspirou o filme, se passa no final dos anos 1990.

É nesse ambiente que o protagonista (Mário Bortolotto) parte em sua busca existencial ao lado de prostitutas, empregadas domésticas e até da entidade Sish, que se torna sua conselheira.

Bortolotto foi escolhido para o papel pela semelhança com o personagem.

"Não preciso fazer laboratório para esse filme. Tenho uma vida boêmia como ele, sempre frequentei a rua Augusta, escrevi sobre rock pra jornal", afirmou Bortolotto.

Na época do lançamento do livro, em 2001, a quantidade de referências pop gerou comparações com o escritor inglês Nick Hornby ("Alta Fidelidade").

"Mas a comparação para por aí. Para mim, a cultura pop é como um folclore sintético: além das músicas, inclui os rituais neo-xamânicos em que o protagonista mergulha", afirmou o autor.

Nesse ponto, o livro está mais próximo do cultuado livro "Pornopopéia", de Reinaldo Moraes, que traz drogas, prostituição e até ritual com "xamanismo turístico".

O jornalista MATHEUS MAGENTA viajou a convite da organização da 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes

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