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Garoto mudo tem superpoderes em 'Touch'

Do mesmo criador de 'Heroes', série com Kiefer Sutherland estreia em março no Brasil

NEIL GENZLINGER
DO “NEW YORK TIMES”

Kiefer Sutherland, o astro de "24 Horas", retorna à TV em março na Fox no drama "Touch", em que representa o pai de um menino de dez anos que nunca falou e não se comunica de maneira tradicional. É um mundo sobre o qual eu sei alguma coisa, pois tenho uma filha assim.

É um lugar frustrante e angustiante, repleto de desafios e emoções conflitantes.

No primeiro episódio de "Touch", que foi ao ar na quarta nos EUA, Sutherland e o pequeno David Mazouz fizeram um ótimo trabalho de me convencer de que sabiam algo sobre esse mundo.

"Touch" foi criado por Tim Kring, de "Heroes", que tratava de pessoas com superpoderes. Essa linhagem fica clara em "Touch", porque o menino mudo, Jake, possui um poder: é fascinado por números e identifica padrões que, se corretamente decifrados pelo pai, conduzem a ligações entre várias pessoas.

O piloto envolve o telefone celular perdido de um britânico, um forno quebrado em Bagdá, um prêmio de loteria em Nova York, uma prostituta em Tóquio e mais.

O papel de Jake requer a capacidade de exibir o olhar vazio e isolado de crianças autistas, mas, ao mesmo tempo, sugerir que há muito acontecendo por trás dos olhos.

"David é muito focado, e dá para enxergar a vida interior que possui", disse Kring.

Jake é silencioso para os outros personagens, mas não para o público: seus pensamentos, bem complexos, são ouvidos em uma narrativa.

"Ao ouvirmos sua voz interna, entendemos o quão inteligente é", explicou Kring.

Interpretar Jake foi um desafio, mas Sutherland também tem muito a transmitir. Criar um filho como Jake -ou minha filha- requer abrir mão de objetivos e experiências tradicionais de pais.

"Consegui um livro sobre como ser pai de filhos portadores desse tipo de deficiência. Havia um capítulo sobre a chamada tristeza crônica. Focamos nisso", disse Kring.

Mas "Touch" não é sobre autismo, e a condição de Jake é algo totalmente diferente.

"Quisemos declarar isso desde o começo", disse Kring. "É claro que essa comunidade merece ter defensores, mas queríamos poder boiar acima da realidade. Há algo especial com o garoto, metafísico, quase sobrenatural."

No primeiro episódio, um sujeito misterioso (Danny Glover) diz a Martin que Jake possui poderes psíquicos.

"Seu filho enxerga tudo. O passado, o presente, o futuro. Ele vê tudo interligado. É um mapa do caminho, e seu trabalho agora tem que ser seguir esse mapa por ele."

"É o primeiro momento animador que Martin tem como pai", disse Sutherland. "Uma coisa fantástica é que, em cinco episódios, você vê a comunicação de Martin e Jake avançar aos saltos."

"Touch" parece ter uma chance de conseguir algo difícil: ir além do superficial e evitar as soluções fáceis.

Tradução de CLARA ALLAIN.

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