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Música - Crítica Mpb

Maria Gadú amadurece dois anos após sua estreia

Novo CD da cantora escapa do feijão com arroz do primeiro disco com canções boas e parcerias

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Maria Gadú precisou estrear com um álbum irregular (homônimo, de 2009) e com um hit grudento e infantilizado ("Shimbalaiê", que ela compôs quando tinha só 10 anos) para poder se tornar Maria Gadú -o fenômeno.

Não faturou como uma Paula Fernandes -até agora, o disco ronda a marca das 180 mil cópias vendidas. Mas teve quase todas as suas faixas veiculadas em programas da Globo, rendeu um pacote de CD e DVD ao vivo e outro dividido com Caetano Veloso.

Dá até para apostar: nada disso teria acontecido se Gadú tivesse estreado agora, com este "Mais Uma Página".

Antes de qualquer coisa, porque as canções agora são muito melhores. Ela própria assina oito das 14 -e, como já não tem mais 10 anos, não rima mais "amor" e "flor".

Abriu o leque de parceiros: há a mineira Ana Carolina e a italiana Chiara Civello, o carioca Edu Krieger (que assina com ela a boa faixa que batiza o disco) e o norte-americano Jesse Harris (conhecido por aqui pela autoria da balada "Don't Know Why", sucesso na voz de Norah Jones).

Gadú está encontrando sua turma, e isso se explicita até na escolha do repertório não autoral. Dani Black, que já tinha contribuído com canções inéditas para o "Multishow ao Vivo" da cantora, mandou mais duas novas para este.

Primeiro single, "Axé Acappella", dele com a também paulista Luisa Maita, é uma das melhores faixas. Muito por conta do arranjo, que mistura silêncios e uma batida leve de samba-reggae.

Duas décadas distantes dos anos 1990, os meninos de 20 e poucos anos podem falar de axé com tranquilidade, sem nenhum preconceito.

MARISA MONTE

E vem dos 90 a maior parte das referências em que Gadú se espelha. Chico César surge em espírito (e inspiração) na letra de "Taregué". Lenine vem em pessoa, dividindo vocais em "Quem?".

Mas a maior fonte continua sendo Marisa Monte. Se no primeiro disco o produtor Rodrigo Vidal não havia protegido Gadú de soar um genérico da veterana, aqui ele toma cuidados.

É verdade que ainda se ouve, aqui e ali, contracantos e "laraielaiês" bem ao estilo de Marisa, mas as ideias instrumentais são menos óbvias, escapando do feijão com arroz de todo o disco de estreia.

As faixas têm potencial radiofônico, mas nenhuma é tão grude, tão Michel Teló, tão A Banda Mais Bonita da Cidade quanto era "Shimbalaiê". Sinal que Gadú cresceu.

MAIS UMA PÁGINA

ARTISTA Maria Gadú
LANÇAMENTO Slap
QUANTO R$ 30, em média
AVALIAÇÃO bom

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