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Novo embargo se escora na "defesa da qualidade"

Ontem disco proibido era encontrado em versão MP3 no site da Amazon

Disputado e revendido a peso de ouro, "Louco por Você" mirava público fã das versões do rock americano

DE SÃO PAULO
DO RIO

Roberto Carlos ouviu "Louco por Você" e não gostou. Baixa qualidade técnica -nada a ver com questões estéticas, históricas ou pessoais. É assim que o cantor diz.

Se considerarmos que foi esse mesmo o motivo da renovação do embargo, o caso deixa de ser uma das "excentricidades" do Rei -como ainda soa excêntrica a longa proibição que vigorou, por convicções religiosas, sobre a canção "Quero que Vá Tudo pro Inferno".

Torna-se uma questão de "controle de qualidade". Algo como o embargo de João Gilberto sobre seus três primeiros discos, pedras fundamentais da bossa nova.

A interdição de Roberto não impedirá que os curiosos por sua história conheçam o álbum. Ou alguém deixou de ouvir João cantar "Chega de Saudade" na versão original?

Em LP, há poucas cópias de "Louco por Você" disponíveis no mercado. E, caso você encontre uma por menos de R$ 3.500, compre: elas só tendem a valorizar com a repercussão desse novo embargo.

Mas há dezenas de blogs especializados em música brasileira que disponibilizam suas 12 faixas para download em qualidade razoável -ainda que, como se sabe, essa prática seja proibida por lei.

Não é proibido, porém, comprar a versão disponível na loja virtual Amazon -em formato mp3, com o nome de "Early Roberto". O rei ainda não passou por lá. Ainda.

MENTIRINHAS

Roberto Carlos não aparece na capa de "Louco por Você". A foto foi roubada de um disco do organista americano Ken Griffin, em que um casal apaixonado se olha.

Segundo Paulo César de Araújo conta na biografia "Roberto Carlos em Detalhes" -que o cantor proibiu e não pretende liberar, como reafirmou ontem no Rio- o produtor Carlos Imperial usou "truques" para que o LP emplacasse entre o público jovem.

De acordo com o texto de contracapa de "Louco por Você", Roberto teria nascido "aqui mesmo no Rio", e não em Cachoeiro do Itapemirim (ES), para que o cantor soasse mais próximo. Imperial também inventou um Bill Caesar para assinar a "versão original" da canção "Linda".

Na verdade, não havia original. A música era brasileiríssima -com letra do próprio Imperial- e só foi creditada ao falso autor americano porque era com versões, como "Estúpido Cupido", que o rock brasileiro explodia naquele começo de anos 60.

(MARCUS PRETO E PEDRO SOARES)

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