Balé da Cidade dança as ideias modernistas

Noventa anos depois da Semana de 22, o Balé da Cidade de São Paulo foi convocado a transformar em dança aquele mesmo espírito de convulsão de ideias que tomou conta do Theatro Municipal quase um século atrás.

A convite do diretor artístico do espaço, Abel Rocha, o grupo divide com a ópera "Pedro Malazarte" o programa "Andradiana", a partir do dia 16. O grupo apresenta uma performance no saguão do teatro e uma obra baseada em "Suíte Vila Rica", de Camargo Guarnieri (1907-93).

"Não sei se escolheria essa música a princípio, mas ela nos foi sugerida para evocar um certo clima daquela época", afirma Lara Pinheiro, diretora do Balé da Cidade e coreógrafa da peça.

A primeira estreia do grupo em 2012 está em sintonia com o desejo de Pinheiro de trabalhar questões brasileiras durante todo o ano.

O conceito de antropofagia foi o norte: para compor a movimentação, ela escalou 11 dos seus 35 bailarinos, que trouxeram diferentes referências gestuais para a cena.

"Abri um pouco mais para eles. Tratou-se mais de pensarmos em como organizar esse monte de informações do que de filtrá-las em prol de um crivo técnico", explica.

MESTIÇO

A evocação modernista salta no figurino, que absorveu as cores da tela "Operários" (1933), de Tarsila do Amaral (1886-1973), para colocar em evidência a mestiçagem do povo brasileiro.

A dramaturgia é conduzida pelo bailarino Tutto Gomes, que vive um personagem meio Malazarte, meio Macunaíma, segundo Pinheiro.

"Ele tem um quê de metido e vai se apropriando de tudo para criar uma obra dele", diz. "O balé é feito de pessoas distintas. Ele não tem uma identidade única, assim como o Brasil também não. O que importa é essa vontade de querer trazer tudo. E é isso que tentamos fazer."

ANDRADIANA

QUANDO dias 16, 18 e 24, às 20h, e dia 26, às 18h

ONDE Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 0/xx/11/3397-0300)

QUANTO de R$ 40 a R$ 100

CLASSIFICAÇÃO livre