Quem é quem

Consagrados

Oswald de Andrade ( 1890-1954) - Jornalista, poeta, escritor, dramaturgo. Completava 32 anos em 1922. Filho único de família abastada, fez sua primeira viagem à Europa em 1912. Conhecido como autor de artigos polêmicos sobre arte e cultura. Já havia escrito duas peças em francês, em parceria com o poeta Guilherme de Almeida, e preparava-se para lançar "Os Condenados"

Mário de Andrade (1893-1945) - Fazia 29 anos em 1922. Era católico, congregado mariano, e dava aulas de piano e história da música no Conservatório Musical de São Paulo. Lançou em 1917 seu primeiro livro de poemas, "Há uma Gota de Sangue em Cada Poema", sob o pseudônimo de Mário Sobral. Era um livro convencional, diferente do modernista "Pauliceia Desvairada", que já estava pronto, mas não publicado, à época da Semana

Di Cavalcanti (1897-1976) - Carioca, mudou-se para São Paulo em 1917. A cidade o "seduzia", disse em suas memórias. Chegou com uma carta de recomendação do poeta Olavo Bilac aos jornalistas que comandavam o jornal "O Estado de S. Paulo". Ilustrador, autor de capas de livros, fez sua primeira exposição de pintura em finais de 1921. Foi o autor da ideia da Semana

Victor Brecheret (1894-1955) - Italiano, veio para o Brasil na infância e retornou à Itália para estudar escultura. Na volta, foi "descoberto" por Oswald de Andrade e Menotti del Picchia num ateliê que lhe fora oferecido por Ramos de Azevedo no Palácio das Indústrias. Deslumbrou os modernistas. Expôs na Semana, mas estava em Paris na ocasião

Anita Malfatti (1889-1964) - Descendente de italianos, alemães e norte-americanos, estudou em Berlim e Nova York antes de inaugurar sua polêmica "Exposição de Pintura Moderna", em São Paulo, em 1917. Seus quadros expressionistas provocaram gargalhadas de êxtase em Mário de Andrade e despertaram a fúria de Monteiro Lobato, crítico feroz da arte moderna. Na Semana, muitos desses quadros foram novamente apresentados

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - O compositor carioca foi um dos grandes nomes da Semana. Teve obras executadas nas três noites do evento, sendo que a última foi inteiramente dedicada a sua música. As peças já eram conhecidas de plateias cariocas. Apesar de alguns reparos, seu gênio foi reconhecido pela crítica paulista, mesmo a conservadora

Renegados

Graça Aranha (1868-1931) - Escritor, diplomata, autor de "Canaã", romance com cores locais lançado em 1902. É tratado muitas vezes como um oportunista que teria se apropriado do movimento paulista. Graça foi um modernista a sua maneira, ainda com muitas ligações com o século 19. Foi decisivo para a realização da Semana

Menotti del Picchia (1892-1988) - Completava 30 em 1922. Era autor de um poema regionalista famoso, chamado "Juca Mulato". Cuidava dos editoriais políticos do "Correio Paulistano", órgão oficial do governo paulista. Dono de retórica inflamada, pregava uma revolução futurista nas páginas do jornal. Assinava as crônicas culturais como Hélios. Sua importância para o movimento é amplamente reconhecida, mas suas inclinações políticas de direita o deixaram mal na foto de alguns historiadores.

E sua obra não ajuda muito.

Pouco conhecidos

Zina Aita (1900-1967) - Pintora mineira radicada no Rio, tinha origem italiana. Estudou em Florença e, na volta ao Brasil, conheceu representantes da geração modernista. Mudou-se posteriormente para a Itália, onde morreu, na cidade de Nápoles. Sua obra oscilava de experimentações pós-impressionistas a propostas mais convencionais

Georg Przyrembel (1885-1956) - Arquiteto polonês, estudou na Alemanha e chegou a São Paulo por volta de 1912. Praticava um estilo que se poderia chamar de "neocolonial eclético"

Ferrignac - Assim assinava Inácio da Costa Ferreira (1892-1958), ilustrador que participou da Semana com um trabalho intitulado "Natureza Dadaísta", do qual pouco se sabe. Posteriormente, abandonou a carreira artística para tornar-se funcionário da polícia