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Foco Artista belga ocupa galeria de São Paulo com comida industrializada GABRIELA LONGMANCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Sal e açúcar aos montes, gordura saturada, corantes, óleo. Na instalação "O Castelo", inaugurada hoje, todas as paredes da galeria Luisa Strina foram revestidas com comida industrializada barata e de qualidade duvidosa. A obra é invenção do belga Trudo Engels. Os alimentos foram encomendados numa rede de atacado local e distribuídos do chão ao teto, remetendo às famosas experimentações de Andy Warhol com a sopa Campbell's. A chegada das caixas e da montagem tiveram a supervisão do artista Cildo Meireles, amigo de Engels e habituado às excentricidades do belga. Engels é especialista em confundir realidade e ficção. Desde 95, sustenta o projeto "Various Artists", que reúne 24 nomes. Cada um tem sua biografia, sua linha plástica e seu ateliê. Mas todos são Engels, que se alterna entre ser ele e os heterônimos, numa performance permanente. Ao receber a Folha, tomava apenas água, pois um dos artistas do "grupo", Morice de Lisle, jejuou por mais de um mês como parte da ação. "A comida amontoada aqui é a mais barata que há. Na sociedade de alimentação industrial, fruta, carne ou verdura são artigos de luxo." A quantidade de comida reunida cria um dilema: o que fazer com os alimentos depois que a mostra terminar? O artista vê um "problema ético" em distribuir aos pobres algo que ele aponta não ser digno do nome "comida". Dona da galeria, Luisa Strina não quer nem ouvir falar em jogar os pacotes no lixo: "Ele precisa entender que aqui não é a Bélgica. É uma loucura. Esses artistas acham que podem tudo". Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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