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Crítica Comédia Produção parece ter algo a dizer, mas acaba por se perder no supérfluo RICARDO CALILCRÍTICO DA FOLHA "Reis e Ratos" tem a virtude inicial de não se parecer com nenhuma das comédias de costumes brasileiras que têm feito sucesso com um humor tão ou mais banal que o televisivo. O primeiro diferencial do trabalho de Mauro Lima (do competente "Meu Nome Não É Johnny") é sua ambição temática. Ele faz uma comédia com personagens fictícios envolvidos em uma conspiração golpista de 1963, usando como pano de fundo os acontecimentos históricos que levaram à ditadura militar. A segunda é o desejo de passear por gêneros clássicos do cinema, em particular a "screwball comedy" (as farsas frenéticas da Hollywood dos anos 30) e o "filme noir" (os policiais de trama intrincada da década seguinte), trabalhando na chave paródico-contemporânea. Nesses dois gêneros, há filmes em que a trama complexa e o ritmo ajudam a nos lembrar: o mundo é mesmo uma bagunça. E há filmes que são, eles próprios, uma bagunça. "Reis e Ratos" fica mais perto desta classe. O filme deixa a impressão de que tem algo a dizer, pela ótica da farsa, sobre o caos que se instalou no Brasil em 1963. Mas o espectador dificilmente ficará sabendo, porque o filme se perde no supérfluo: a excentricidade dos personagens, a esperteza das citações, os excessos nas caracterizações de atores. Dentro da confusão, o filme tem um núcleo bem resolvido: o agente do FBI (Selton Mello) e o major brasileiro (Otávio Muller) conspiram contra o golpe. Aí a simplicidade se impõe: são só dois belos atores, alguns bons diálogos e um humor bem brasileiro. Quando eles estão em cena, tudo faz sentido: o Brasil de 1963 não era nem "filme noir" nem "screwball comedy". Era já uma tragédia e ainda uma chanchada. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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