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Artistas desenham pensamentos e neuras de notáveis

HQ sobre Virginia Woolf retrata os delírios da escritora; já o cotidiano de Freud ganha contornos psicodélicos

Alemão que retratou Fidel Castro afirma que qualquer vida notável pode ser tema de uma história em quadrinhos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE ISTAMBUL (TURQUIA)

Como no caso de "Pablo", imaginação foi o pré-requisito para os biógrafos gráficos da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941). Entre uma internação domiciliar e outra manicomial, a vida de Woolf era pacata.

"O corpo dela era muito parado, mas a cabeça era um azougue de vozes", diz a crítica literária Michèle Gazier, que escreveu o roteiro. "Então retratamos os delírios, que eram o universo em que ela de fato viveu."

Linha semelhante a da HQ que conta a história do pai da psicanálise. "A vida de Freud não era nada imagética, ele passou a maior parte dela enfurnado num escritório, trabalhando", diz a roteirista Corinne Maier.

Por achar que a HQ careceria de ação, as criadoras decidiram dar a neuroses e fobias a imagem que tomariam nos olhos de seus portadores.

"A paciente crente de que seus dedos viram cobras se transforma numa medusa" diz Annie Simon, que traçou o livro em linhas meio tortas, algo como o traço de Robert Crumb. "É um jeito de fazer até um cientista parecer interessante."

HERÓIS DE VERDADE

Veterano do gênero, o alemão Reinhard Kleist já tinha disposto em tiras as vidas dos roqueiros Elvis Presley e Johnny Cash. Decidiu migrar para a política.

Foi a Cuba, fez um guia turístico do país e desenhou a vida de Fidel Castro em preto e branco, com ares de "Sin City", de Frank Miller.

"Tento ser objetivo no livro, mas você acaba tomando um lado", diz à Folha. E pendeu para direita ou esquerda? "Esse cara pode ser incrivelmente charmoso, e a revolução não foi fácil."

Impossível mesmo foi conseguir um encontro com o líder convalescente. "Mas sei que ele leu meu quadrinho. Fidel coleciona tudo o que publicam sobre ele."

Para Kleist, qualquer vida vale uma HQ. "O mais importante é ter um tema por trás de toda a biografia. E uma vida notável, é claro."

Tão notável que dê uma aura de Homem-Aranha, opina Corinne Maier. "As pessoas precisam de heróis. O melhor de tudo é que esses existiram de fato e não usam uma roupa medonha como a do Batman!."

(CHICO FELITTI)

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