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Crítica Terror

Longa cria cenografia de tirar o fôlego com sustos fáceis

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Antes de ser um filme com existência ou alma próprias, "A Mulher de Preto" tem a função de construir uma transição na carreira do ator britânico Daniel Radcliffe.

Depois de uma década refém do personagem Harry Potter, ele ensaia a passagem para a vida adulta como protagonista de uma produção formatada para atender também as expectativas dos fãs de bruxarias, enfeitiçamentos e outros sortilégios.

O pastiche de romance gótico feito por Susan Hill, no livro que deu origem ao filme, reunia material promissor para manter a imagem dele associada ao universo das forças ocultas e, ao mesmo tempo, descolar o ator do repertório infantojuvenil, dando-lhe o papel de um pai viúvo.

Ele faz Arthur Kipps, um advogado que, na Londres brumosa do início do século 20, se despede do filho e parte para uma região isolada a fim de reunir a documentação para vender uma casa.

Ao chegar ao vilarejo, descobre que a mansão guarda uma maldição cujas vítimas são sempre crianças.

A presença nos créditos da empresa britânica Hammer evoca as clássicas produções que foram sinônimo, a partir de meados dos anos 1950, do bom cinema de terror que devolveu a vida a monstros antiquados como o Drácula e o Frankenstein.

Em vez do horror explícito dominante nas últimas décadas, os filmes da Hammer se caracterizavam por uma forte assinatura visual, evidente na recriação de época, na construção de atmosferas lúgubres e na sugestão em vez da sanguinolência obscena.

Estas qualidades reaparecem em "A Mulher de Preto" por meio de uma cenografia de tirar o fôlego. São momentos que exalam um perfume mórbido e intencionalmente anacrônico, cuja preferência por climas reforça o medo mais como efeito da angústia que do pavor.

O problema é que, para atrair o público afeito à necessidade de movimentação incessante, insere uma sucessão de sustos fáceis, de surpresas inventadas para que ninguém durma no escuro.

Descrente do poder das forças ocultas, "A Mulher de Preto" passa a depender só da força física e reduz Radcliffe a um homem com a destreza de... Harry Potter.

A MULHER DE PRETO

DIREÇÃO James Watkins
PRODUÇÃO Reino Unido/Canadá/Suécia, 2012
COM Daniel Radcliffe, Janet McTeer
ONDE nos cines Interlagos Cinemark, Marabá Playarte e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular

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