Opinião

Respirando por aparelhos, série "House" aguarda o fim

Quando a Fox anunciou a decisão de cancelar "House" ao final da atual temporada, muitos fãs chiaram. Não queriam ficar sem o cinismo do médico interpretado desde 2004 por Hugh Laurie.

Mas basta uma olhadela nos episódios mais recentes exibidos nos Estados Unidos para admitir: é hora de aceitar a morte da série, paciente terminal que nem a equipe do dr. House é capaz de salvar.

Todo o charme foi embora. A saída de alguns atores afastou personagens. Seus substitutos não deram certo, e os remanescentes do time original não têm o que fazer.

House sente falta de Cuddy, Chase sente falta de Cameron, os marmanjos sentem falta da Treze e todos sentem falta de um bom roteiro.

Sem Cuddy (Lisa Edelstein) na chefia do hospital, House perdeu, de uma só vez, seu interesse romântico e o principal alvo de sua rebeldia. Não tem mais graça vê-lo armar contra Foreman (Omar Epps), que tanto já sofreu quando era seu subalterno.

Jennifer Morrison, que interpretava Cameron, foi protagonizar outra série, a fraca "Once Upon a Time", e Olivia Wilde, a Treze, tem oito projetos de cinema engatilhados.

Para recompor o time feminino, vieram Charlyne Yi e a bela Odette Annable. E quem aguenta House mais uma vez azucrinando novatas?

Totalmente perdido há algumas temporadas, o oncologista Wilson (Robert Sean Leonard) faz figuração. Sua amizade com House teve lances tão loucos que o roteirista não sabe mais utilizá-lo.

Seria natural que tantas mudanças trouxessem erros e acertos. Mas o pecado maior é o tratamento infantilizado que o personagem principal recebe em seu crepúsculo.

Os casos médicos, forte ingrediente na consagração da série, estão em segundo plano. House passa os episódios zanzando pelo hospital, pregando peças, e sobra espaço para Chase (Jesse Spencer) e Taub (Peter Jacobson). Mas aí falta carisma a ambos.

Hugh Laurie pode ir cantar seus blues. Cancelar "House" é uma eutanásia inevitável.