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Prêmio para "A Separação" é "soft power"

FERNANDA MENA
EDITORA DA “ILUSTRADA”

Depois de ser premiado com o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, o iraniano "A Separação", de Asghar Farhadi, foi laureado com o Oscar de melhor filme estrangeiro na noite de ontem. O filme concorria ainda para melhor roteiro original.

Filmes iranianos já foram agraciados com troféus em festivais internacionais, como Cannes (França), Berlim e Veneza.

É a primeira vez, no entanto, que uma produção daquele país recebe dois dos mais prestigiosos prêmios da maior indústria cinematográfica do planeta.

O Globo de Ouro e o Oscar de "A Separação" foram interpretados como um movimento de "soft power" [espécie de cooptação cultural que corre por fora das ações governamentais] de Hollywood em relação ao Irã. Os prêmios foram concedidos num momento de grande tensão entre o regime islâmico e o governo do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu -que trata o programa nuclear persa como "ameaça existencial" a Israel.

Em seu discurso no Oscar, Farhadi fez referência às hostilidades entre os dois países: "Numa época de discursos de guerra, intimidação e agressividade entre políticos, o nome do meu país foi pronunciado por conta de sua gloriosa cultura -uma cultura antiga e rica que tem sido ocultada pelas cinzas pesadas da política".

A diplomacia extra-oficial de Hollywood, indústria sob forte lobby judaico, não passou despercebida. Em entrevista à Folha no início do mês, Mohammad Bagher Khoramshad, diretor-geral do Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica, declarou: "Sabemos que a obra é contrária ao sistema político iraniano. Não é por acaso que o Ocidente está tão interessado".

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