Crítica / Show

Howler mostra guitarras furiosas no palco e rasga rótulo de "novo Strokes"

Chamado por muitos de "novo Strokes", o Howler foi apenas uma banda esperta e furiosa na apresentação em São Paulo, no último domingo. E já foi bom demais.

Marcado inicialmente para sexta-feira, o show foi adiado porque o quinteto americano não conseguiu viajar para o Brasil na data prevista por conta de uma nevasca.

O contratempo não afetou o ânimo do grupo, simpático e descontraído. O show foi curto, pouco mais de 40 minutos. Compreensível, já que o Howler tem apenas um álbum, "America Give Up", lançado no mês passado.

O Strokes surgiu há uma década, revisitando criativamente o rock de guitarra a ponto de ser aclamado como a "salvação" do gênero.

O Howler provavelmente não vai salvar o rock -se é que este corre algum risco real de morte-, mas ajuda a lembrar como essa música combina com hormônios jovens em ebulição.

Às vezes se parece mesmo com Strokes, em outros momentos remete a uma versão teen do Jesus and Mary Chain, mas pode sustentar comparações com inúmeras bandas de garagem de várias épocas.

Porque o som do Howler não é novo. Nasce de uma boa frase de guitarra, acrescida de batidas saltitantes e letras bobinhas de refrão forte.

O que anima no Howler, e isso se nota mais ao vivo do que ouvindo o disco, é ver o grupo tocar como se aquele fosse o último momento dos moleques na Terra. É uma entrega que contagia.

A animação vem combinada com atitude desencanada. A banda se diverte no palco. Os integrantes conversaram com a plateia que lotou o Beco 203, em São Paulo.

Entre elogios ao Brasil, eles protagonizaram uma cena inusitada como poucas.

Jordan Gatesmith. o vocalista, quis saber como é o hino nacional brasileiro. Então, o rock parou por mais de um minuto, enquanto a plateia cantava "Ouviram do Ipiranga às margens plácidas...".

Enquanto o Howler mantiver a volúpia na hora de atacar as guitarras e a brejeirice, vai valer a pena seguir a banda. Esquecendo essa bobagem de "novo Strokes".