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Produtora passou por 32 anos de 'via-crúcis'

Vaticano não queria montagem da peça

DE SÃO PAULO

"Só Deus sabe" tudo o que Maria de Lourdes Mello, 77, passou nos últimos 32 anos.

Mas vários personagens importantes da Igreja Católica têm alguma ideia da via-crúcis que foi tirar do papel o musical "Enlace - A Loja do Ourives", inspirado em peça do papa João Paulo 2º.

O ano é 1980: primeira visita do líder religioso ao Brasil. Pela rádio, Lourdes fica a par da carreira teatral dele. A partir daí, passou a viver "com uma caneta na mão e uma ideia na cabeça". Enviou cartas e cartas ao Vaticano, decidida a montar a peça. Com ajuda de dom Paulo Evaristo Arns, ela chegou à peça já editada em português. "Foi o livro de cabeceira do papa quando ele se hospedou no colégio Santo Américo."

Só que o momento certo parecia nunca chegar. Em 1981, o papa sofreu um atentado. O projeto, idem. "Achei que o momento psicológico não era oportuno", afirma.

O tempo passou. João Paulo 2º morreu em 2005. Depois, Lourdes teve câncer de mama. Foi quando seu médico a apresentou ao dom Bruno Giuliani, italiano com trânsito na alta cúpula vaticana. Ele ajudou a fazer a ponte.

Na Itália, a Igreja era reticente. "Durante muito tempo, entendeu-se que o papa não queria mais a montagem da peça", afirma o padre-cantor Juarez de Castro, "assessor eclesiástico" do musical.

Uma encenação na Suíça, feita de joão-bobo pelos implacáveis críticos locais, teria "entristecido" o papa, diz.

Com Juarez, a Igreja acompanha de perto as "licenças poéticas" do espetáculo brasileiro -como incluir um coro de hippies cantando sobre "cabelos compridos e calça abaixo do umbigo, baby".

Na opinião do padre, o papa "teria amado" a nova versão. (ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER)

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