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Beleza é fundamental?

Peça sobre Zezé Macedo é reflexão sobre quem "trabalha com a alma e é julgada pela aparência"

Foto Divulgação
Elenco da peça "A Vingança do Espelho", que chega a SP
Elenco da peça "A Vingança do Espelho", que chega a SP

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

A feiura, diz Umberto Eco, não é só mais divertida, mas mais interessante do que a beleza. O raciocínio está bem ilustrado em "A Vingança do Espelho: A História de Zezé Macedo", que estreia na sexta, em São Paulo.

A peça conta a vida da atriz cujo nome, para boa parte das pessoas, traz à mente uma única imagem, se tanto: a da senhora baixinha e feiosa, de voz esganiçada, fazendo a puritana dona Bela ("Só pensa naquilo") na "Escolinha do Professor Raimundo".

E, no entanto, Maria José de Macedo (1916-1999) teve uma vasta e popular, ainda que hoje esquecida, carreira no cinema, na TV e no rádio, além de ter publicado poesia.

Marcada por sua aparência e sua voz, usou-as como atributos para se firmar como atriz cômica. Na vida privada, se dilacerou -inclusive fisicamente, por meio de inúmeras cirurgias plásticas- por conta da aparência.

"A Vingança do Espelho" mostra esses dilemas e alegrias numa narrativa metalinguística, criada pelo autor Flávio Marinho: os atores representam um grupo teatral que prepara um espetáculo sobre Zezé Macedo.

O público assiste às discussões sobre como montar a peça, com os atores apresentando e debatendo a vida e a carreira de Zezé e encenando, de forma não cronológica, alguns momentos marcantes -a fase na Atlântida, a estreia no rádio com o apoio de Dias Gomes, a "Escolinha".

"É uma peça muito simples, é em cima do ator, do espaço e da relação com o público. Como fala o Amir [Haddad, diretor], não tem truque, é só magia", diz Betty Gofman, que interpreta a atriz a quem cabe o papel de Zezé Macedo na montagem.

"Em momento algum eu tentei imitar a Zezé. Vi poucos filmes, pouca coisa dela. O que a gente fez foi tentar entender o que se passava na alma daquela mulher, tentar sentir o que ela sentia."

HOMENAGEM AO TEATRO

Aproveitando o fato de ser uma peça sobre a montagem de uma peça, "A Vingança do Espelho" discute a própria profissão teatral: os baixos salários, a escalação de atores com "presença midiática, para tirar a companhia do buraco", o favorecimento dos amigos, tudo vira tema.

"É uma grande reflexão sobre a fragilidade e a força do nosso ofício, e sobre a dificuldade de uma pessoa que trabalha com a alma e é julgada pela aparência", diz o diretor Amir Haddad.

"A TV começa a fazer tudo em cima de um certo tipo de imagem, você fica prisioneiro daquela imagem e não escapa mais, como a Zezé nunca se livrou."

A VINGANÇA DO ESPELHO: A HISTÓRIA DE ZEZÉ MACEDO

QUANDO: sex., 21h30; sáb., 21h; dom., 19h; de 9/3 a 29/4
ONDE: Teatro Vivo (av. Dr. Chucri Zaidan, 860, Morumbi; tel. 0/xx/11/7420-1520)
QUANTO: R$ 40 (sex.) e R$ 50 (sáb. e dom.); promoção no primeiro fim de semana: R$ 10
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos

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