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Análise

Zezé, a feia mais graciosa, foi a comediante por excelência

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Na chanchada havia duas instituições femininas: a boazuda e as outras. Boazudas eram Odete Lara, Renata Fronzi, Norma Bengell, Sonia Mamede... As outras, bem, não havia uma só, certamente, mas nenhuma foi tão marcante quanto Zezé Macedo.

Ela podia ser tanto a empregada atrevida como a dona de pensão antipática. Em ambos os casos, era preciso que fosse tão saliente quanto era pequeno o seu corpo, tão ácida como era estridente sua voz, saindo daquele corpo elétrico, de gestos por vezes tão ágeis que até pareciam atingidos por algum distúrbio da tiroide.

SEM ORNAR

Zezé Macedo não ornava com nada. Ela era uma figura absolutamente única, por isso mesmo funcionava bem ao lado de Oscarito, Grande Otelo, Ankito ou Zé Trindade e pôde trabalhar para a Atlântida ou para Herbert Richers, os grandes produtores do gênero.

Ela foi a comediante feminina por excelência desse período artístico, mas não se limitou a ele.

Destacou-se na televisão, ao lado de Chico Anysio, sobretudo, e, depois de aparecer timidamente em "Macunaíma", foi recuperada pelo cinema dito marginal em "Os Monstros de Babaloo", de Eliseu Visconti -prova de que já se tornara um ícone da cultura audiovisual brasileira.

ESCARLATE

Não há de ser por acaso que seu último trabalho marcante em cinema tenha sido em "O Escorpião Escarlate" (1990), de Ivan Cardoso, um rechanchadeiro notório e notável, tendo ao lado Wilson Grey e José Lewgoy, atores que souberam ser vilões sem perder o humor, assim como Zezé foi a feia mais graciosa do Brasil.

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