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Crítica Drama

"Cairo 678" pinta retrato impiedoso da condição feminina na sociedade egípcia

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O primeiro longa-metragem dirigido pelo roteirista egípcio Mohamed Diab é um exercício de coragem, pois aborda um tabu em seu país, o assédio sexual. Molestar mulheres é prática comum em todas as classes sociais.

Ao acompanhar a trajetória de Fayza, Seba e Nelly, três mulheres de origens diferentes, o filme delineia um retrato impiedoso da condição feminina na sociedade egípcia, na qual o homem reina soberano -ou quase.

Fayza é uma dona de casa de valores tradicionais que pede justiça. Seba vem de uma família burguesa, ajuda vítimas de violência sexual, mas sofre os efeitos de uma agressão coletiva. Nelly é uma aspirante a atriz que ousa levar aos tribunais seu caso de assédio, provocando a indignação da família do noivo e a da sua própria.

Segundo os padrões morais, tornar público um episódio de violência desse tipo é considerado desonroso para a mulher e sua família. Desiludidas com a hipocrisia geral e a atitude pouco efetiva das autoridades, Fayza, Seba e Nelly resolvem fazer justiça com as próprias mãos.

A afronta, em si, é mostrada com sutileza, deslocando a atenção do público para a questão das mentalidades, o que realmente interessa.

Diab inspirou-se em histórias reais, sobretudo na primeira condenação por violência sexual proclamada pela Justiça egípcia, em 2008.

O filme provocou mal-estar e uma onda de debates e processos no Egito, além de ter contribuído para mudar a lei: o assédio sexual finalmente passou a ser considerado um crime no país. A tradição, porém, ainda continua pesando a favor do agressor.

CAIRO 678

DIREÇÃO Mohamed Diab
PRODUÇÃO Egito, 2010
COM Boshra, Nelly Karim, Maged El Kedwany
ONDE na Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

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