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Feito de palavras

Paulo Henriques Britto, poeta, tradutor e professor, lança sua sexta antologia de versos

Daniel Marenco/Folhapress
O poeta, tradutor e professor carioca Paulo Henriques Britto, 60, em sua casa, no Rio
O poeta, tradutor e professor carioca Paulo Henriques Britto, 60, em sua casa, no Rio

FRANCESCA ANGIOLILLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

"A vida consiste de afirmações sobre a vida."

A citação, do poema "Men Made Out of Words" -homens feitos de palavras-, de Wallace Stevens (1879-1955), poderia bem servir como epígrafe a "Formas do Nada", sexta antologia poética de Paulo Henriques Britto, 60.

"Uma palavra transcrita/ ou vírgula acrescentada:/ a súmula de uma vida/ (que, afinal, foi mais que nada).", diz "Apêndice", um dos cerca de 60 poemas que o carioca reuniu no volume, lançado nesta semana.

"Formas do Nada" é uma espécie de tratado sobre a finitude. Seus poemas podem ser lidos como uma coletânea de afirmações a respeito da vida -ou sobre o que há de comum à existência de todos.

O americano Stevens foi o primeiro poeta traduzido por Paulo Henriques, no começo dos anos 1970, e quase um patrono de sua poesia.

A atividade de tradutor, iniciada por gosto, se tornaria central na vida de Paulo Henriques, que é hoje o maior responsável por transpor a obra de autores de língua inglesa no país, além de ativo professor de seu ofício em cursos de graduação e pós-graduação da PUC do Rio.

"A melhor maneira de ler um escritor a sério é traduzindo-o", afirma ele à Folha, sentado na sala de seu apartamento na Gávea, a poucas quadras da universidade.

Levado isso em conta, Paulo Henriques "leu a sério" boa parte da produção mais relevante em língua inglesa na atualidade (Philip Roth, Ian McEwan e V.S. Naipaul são só uma minúscula amostra), além de um bom quinhão de anglófonos consagrados ao longo dos séculos.

A lista inclui nomes que vão do poeta romântico inglês Lord Byron ao romancista Henry James, passando por Elizabeth Bishop (ele acaba de ampliar as edições de prosa e poesia da americana, que viveu por anos no Brasil).

Com Bishop, Paulo Henriques partilha a fina ironia e o distanciamento, que permitem abordar com certo humor até a morte, num "trabalho de contenção da emoção".

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