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Artistas levam obras a espaços públicos

Trabalhos vão desde pintura num prédio a cubos que flutuam num lago e alterações na iluminação pública

SP tem intervenções de Guto Lacaz, Thiago Rocha Pitta, José Spaniol, Laura Vinci, Tatiana Blass e outros

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Na chuva, a pintura no topo do prédio se dissolve e faz escorrer listras negras pela enorme fachada branca. Não é uma falha da arquitetura, mas uma obra de arte que se camufla no espaço urbano.

Thiago Rocha Pitta fez uma pintura que se transforma com a passagem do tempo. Da mesma forma, trabalhos de outros artistas espalhados por São Paulo vêm mudando a cara da metrópole.

Enquanto Guto Lacaz põe cubos brancos para flutuar no lago do parque Ibirapuera hoje, intervenções de Tatiana Blass, que ocupa a capela do Morumbi, José Spaniol, no parque Burle Marx, Laura Vinci, no centro, e Eduardo Coimbra, no Pacaembu, criam brechas na cidade.

Coimbra ocupa a árida praça Charles Miller, no Pacaembu, com fotografias de nuvens iluminadas. Suas laterais são espelhadas, dando a sensação de uma aparição fantasma -um céu resplandecente rebaixado à terra.

"É um campo luminoso", descreve Coimbra. "Esses elementos ficam todos no meio da situação urbana, na qual passam carros e pedestres."

Laura Vinci também alterou as condições de luz de uma rua estreita do centro, atrás do edifício Martinelli (av. São João, 35). Mandou remover as lâmpadas dos postes antigos e pendurou redes de pescador com lâmpadas.

"Quis revelar essa estrutura urbana", diz Vinci. "Tem uma coisa mais orgânica, de cabos elétricos que sobem e descem meio que se agarrando às laterais dos prédios."

Não muito longe dali, no beco do Pinto, Vinci fez outra intervenção, em que vapor d'água jorra para fora de frestas no asfalto em intervalos calculados de tempo. É uma alusão ao rio Tamanduateí, canalizado por baixo dali.

"É como se o vapor mexesse com o tempo do rio", diz Vinci. "Recorda o passado e o traz de volta à cidade."

Numa reflexão mais abstrata sobre o legado arquitetônico da cidade, os cubos flutuantes de Guto Lacaz no Ibirapuera contrastam a natureza em torno do lago com a geometria rígida das construções modernas da cidade.

José Spaniol construiu a estrutura de uma casa sobre um lago no parque Burle Marx (av. Dona Helena Pereira de Morais, 200, Vila Andrade). O esqueleto debruçado sobre a água se duplica e dá a impressão de uma segunda construção submersa.

Também no Morumbi (av. Morumbi, 5.387), a obra de Tatiana Blass desfaz um tapete vermelho. Ele atravessa a nave e passa por um grande tear, seus fios entrando pelas frestas na parede de taipa da capela do bairro e se alastrando por todo o jardim.

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