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Crítica show

Titãs parecem fazer autocover em releitura do disco 'Cabeça'

Com metade da formação original, banda tocou álbum de 1986 em show

ALAN GRIPP
SECRETÁRIO-ASSISTENTE DE REDAÇÃO

Lá se vão 30 anos desde que os Titãs subiram ao palco pela primeira vez, no Sesc Pompeia, exibindo visual extravagante, danças esquisitas e uma mistura potente de punk e new wave, que logo invadiu as paradas e os programas de auditório.

Para comemorar a data, a banda se reuniu no último sábado em outro Sesc, o Belenzinho, para tocar na íntegra o clássico "Cabeça Dinossauro" (1986) -de longe o momento mais criativo da banda e, quiçá, da saudosa geração do BRock (rock brasileiro dos anos 1980).

A ideia não é nova -bandas como Metallica ("Black Album") e Weezer ("Blue Album") já fizeram o mesmo-, mas seduziu os fãs, que esgotaram em duas horas e meia ingressos para sete shows.

Trintões e quarentões ainda estavam na fila da cerveja quando a banda subiu ao palco, às 21h30 em ponto. O primeiro acorde do teclado de "Cabeça Dinossauro" fez o tempo voltar à década de 1980, para delírio de alguns mais empolgados que exibiam o LP (!) na plateia.

Com o vigor dos velhos tempos, "Aa Uu" manteve o clima de nostalgia. Mas, daí em diante, o peso dos anos -e, sobretudo, do desmanche da banda- falou mais alto.

Em "Família", o mais estranho não é um marmanjo cantando "família, família /cachorro, gato, galinha", mas ouvi-la sem Nando Reis.

Nesses momentos - como em "Igreja" e "O Que"-, fica evidente que os Titãs são hoje uma banda, literalmente, pela metade. Além de Nando, o grupo não conta com Arnaldo Antunes, Charles Gavin e Marcelo Fromer (1961-2001).

Esse é o risco de tocar na íntegra um disco tão marcante. Faz o grupo parecer, de vez em quando, cover de si mesmo. Não que isso seja de todo ruim. Melhor assistir a "Cabeça", ao Ira! tocando "Vivendo e Não Aprendendo" ou ao Paralamas mandando "Selvagem?" do que a qualquer NX Zero da vida.

O show mostrou que algumas canções continuam atuais, como "Bichos Escrotos" e "Polícia", cantadas com entusiasmo pelo público. Outras, como "Dividendos", soam como bobagem juvenil.

Terminadas as 13 faixas do disco, os Titãs fizeram um apanhado de outros bons momentos. Mesmo sem Arnaldo Antunes, "O Pulso" ganhou ares de clássico.

Livre das amarras de "Cabeça", a banda pôs o público para dançar com "Diversão", o auge da apresentação, e "Aluga-se", de Raul Seixas.

TITÃS - "CABEÇA DINOSSAURO"
AVALIAÇÃO regular

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