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Sem fantasia

Com imagens inéditas, "Tropicália" traça panorama do movimento musical encabeçado por Caetano e Gil em 1967

Paulo Salomão/Divulgação
Atrás, da esq. para a dir., Jorge Ben, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee, Gal Costa; à frente, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, em 1968, durante o programa "Divino Maravilhoso", na TV Record
Atrás, da esq. para a dir., Jorge Ben, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee, Gal Costa; à frente, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, em 1968, durante o programa "Divino Maravilhoso", na TV Record

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

"Nós já não estamos no Brasil e já não há o tropicalismo como movimento. De modo que o que a gente faz hoje é irresponsável com relação ao movimento tropicalista."

É assim, pelo fim da história, que começa o documentário "Tropicália", de Marcelo Machado, que abre o festival É Tudo Verdade e deve estrear entre maio e junho.

Do meio de uma cabeleira desgrenhada, Caetano Veloso dá a declaração ao português Raul Solnado, apresentador do programa "Zip-Zip", do canal RTP. Tocam, ele e Gilberto Gil (ao violão), a recém-composta "Alfômega".

Raríssima, a imagem foi feita em 4 de agosto de 1969, em Lisboa. Os baianos viviam então exílio europeu (se radicariam em Londres a seguir, até a volta ao Brasil, em 1972) e faziam passeios pela Europa para mostrar sua música.

A partir daí, a narrativa segue em cronologia clara, dividida em capítulos, pelos anos de 1967, 1968 e 1969.

A segunda sequência do filme enumera acontecimentos culturais que serviriam de motor ao movimento encabeçado por Caetano e Gil a partir de 1967, com adesões fundamentais de Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão, da banda Os Mutantes (de Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista) e do maestro Rogério Duprat.

Há imagens do filme "Terra em Transe" (1967), de Glauber Rocha, da montagem de José Celso Martinez Corrêa para "O Rei da Vela" (1967), de Oswald de Andrade, e da instalação "Tropicália", do artista plástico Hélio Oiticica.

Mas também cenas dos programas de televisão mais populares, como a "Discoteca do Chacrinha" e o "Jovem Guarda", de Roberto Carlos.

As imagens mais conhecidas vêm da TV Record, nascedouro do tropicalismo. Foi no festival da emissora, em 1967, que Caetano e Gil apresentaram, respectivamente, as inaugurais "Alegria, Alegria" e "Domingo no Parque" (esta com Os Mutantes).

Há cenas de filmes alternativos como "Hitler III Mundo" (1968), de José Agrippino de Paula, "O Demiurgo" (1970), de Jorge Mautner, e "H.O." (1979), de Ivan Cardoso.

Há ainda imagens nunca publicadas. Sequências de filme inacabado de Nara Leão, que registra o festival de 67, e imagens caseiras feitas em câmera super-8 durante o período londrino.

Também de Londres vêm as cenas em que Caetano e Gil se apresentam no festival da ilha de Wight, em 1970. E, da França, uma apresentação de Caetano na TV local, em 1969, em que canta "Asa Branca".

Chegou-se a um bruto de seis horas só com material de arquivo -a maior parte delas um tanto melancólicas.

As imagens foram mostradas aos protagonistas para que reagissem. Entram, dessa forma, poucos depoimentos atuais de Caetano, Gil, Tom Zé, do artista gráfico Rogério Duarte e de dos Mutantes Arnaldo e Sérgio. Rita Lee e Gal Costa não falaram.

"O tropicalismo é sempre tratado com muitas cores, muita alegria. Nosso filme não é assim", diz Machado.

TROPICÁLIA
DIREÇÃO Marcelo Machado
PRODUÇÃO Brasil, 2012
QUANDO Dia 22/3, às 21h30
CLASSIFICAÇÃO livre

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