Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crítica show

Morrissey fecha turnê em SP encantando com hits da carreira

Calor e som fora da área VIP atrapalharam, mas cantor britânico soube ganhar o público com muito carisma

No saldo, foi o grande prazer costumeiro vê-lo cantar aqui pertinho de nós. e, para contradizê-lo, foi um domingo bem diferente

COLUNISTA DA FOLHA

Um Morrissey cansado, ou com a voz cansada, encerrou na noite de anteontem, em São Paulo, sua série de três especialíssimos shows no Brasil. O cantor britânico aparentava uma felicidade não típica para os domingos, conforme ele próprio estabeleceu no imaginário pop em um de seus maiores sucessos solo, a canção "Everyday Is Like Sunday".

Tudo o que há de típico em um concerto de rock no Brasil se fez presente no Espaço das Américas, na noite em que o ex-Smiths cantou seu lirismo peculiar a paulistanos: som bom na invasiva e frontal área VIP; som ruim na parte de trás, a "normal"; um calor beirando o insuportável, uma caixa de som estourada no final, rangendo ao som potente da boa banda que acompanha o astro.

Tudo o que há de típico em um show do Morrissey recente se fez presente no domingo: as músicas dos Smiths reavivadas (foram seis), as trocas de camisa (foram quatro usadas, uma delas atirada ao público), as chicoteadas com o fio do microfone, o sarcasmo contra as ditaduras, as carnes, a família real.

Do lado da plateia, também tudo normal para uma apresentação do ídolo: a entrega quase religiosa que perdoava até os "gracias" que ele dizia para agradecer aos brasileiros (ele estava no Espaço das Américas, afinal), os ramalhetes de flores que são seu antigo símbolo (ainda bem que não encheram o lugar de gatos, a mais nova das manias de Morrissey em fotos e pôsteres), além dos presentes e oferendas (deram um disco dos Ramones para ele!!!), das camisetas de várias formas, sempre com seu rosto estampado.

CANSAÇO

Mesmo prestes a completar 53 anos, Morrissey é um performer vibrante e feliz com o que faz, mesmo com o corpo sucumbindo ao forte calor, a suadeira visivelmente atrapalhando e com a voz talvez não aguentando no mesmo nível uma longa turnê cheia de shows.

Mas nada impede Morrissey de brilhar quando ele é Morrissey.

Como quando tira a camisa em público enquanto canta: "Feche seus olhos e pense em alguém que você admira fisicamente Então você abre os olhos e vê alguém que você despreza fisicamente" ("Let Me Kiss You").

Ou quando, em "Everyday Is Like Sunday", deixa o público cantar sozinho a parte: "Como eu queria muito não estar aqui". E diz, lacônico: "Really??". Morrissey é todo o tempo encantador.

No final das contas, o show de Morrissey na capital paulista foi tipicamente normal. O que significa dizer que, no saldo, foi o grande prazer costumeiro vê-lo cantar aqui perto de nós.

E, também para contradizê-lo, dá para falar que foi um domingo bem diferente dos outros dias. (LÚCIO RIBEIRO)

MORRISEY EM SÃO PAULO
AVALIAÇÃO bom

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.