Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ana Kehl de Moraes lança 1º livro de poesia

Filha de Maria Rita Kehl e Reinaldo Moraes, autora não se enxergava como "publicável"

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Em 2005, Ana Kehl de Moraes, 25, foi a Niterói (RJ) fazer cinema, curso que a deixava tão desperta quanto um vídeo em "slow-motion" de leite fervendo.

Por lá a paulistana fez bobagem, namorou "imatura", entrou "numa onda de amor livre" e passou "madrugadas insones" à base do energético que melhor funcionava para ela: palavras. "O que mais fiz foi escrever. Muito mais do que aprender cinema."

A filha do escritor Reinaldo Moraes e da psicanalista Maria Rita Kehl é alta e prende o cabelo como quem tivesse visto filmes franceses demais. Pede um sanduíche (não o de mortadela, por favor) antes de posar para fotos. Não faz o tipo tagarela.

"Não Falo", coincidência ou não, é o seu primeiro livro, a ser lançado em abril, pela 7Letras. "É como se a poesia inventasse jeitos novos para falar o que não dá para falar."

Escrever ajuda.

Quando enviou o e-mail para Jorge Viveiros de Castro, dono da editora, Ana tinha "esta paranoia": "Você só aceitou [editar o título] por amizade à minha mãe?"

Ele disse não, ela respirou. Antes, Ana não se via como "publicável". Claro, mantinha blogs, como toda garota que prefere a tela do computador à filipeta da balada.

Num deles, "Regurgitações", "as palavras saíam como uma escarrada". Versos como "gato escaldado, atrás do que desconhece" e "amo sem horizonte, amo delírio".

A vontade do livro surgiu com a volta a São Paulo, em 2010. Aí, Maria Rita e Reinaldo conheceram seu lado poeta, "já que não se interessavam muito em ler no blog".

Ana diz não se sentir pressionada para honrar os sobrenomes. "Eles não são poetas. Se eu escolher ser psicanalista, aí, sim, será um fardo."

Ela até já foi parceira do pai. Mocinha, "dava um monte de ideias", e Moraes "escrevia tudo da cabeça dele".

Ana sente que sua estreia na poesia é "o fim de um ciclo". Hoje, liga-se mais a estudos de terapia corporal e a Nietzsche, "que não acreditava num Deus que não dança".

Movimentar-se, mas deixar algo para trás. Ideia já presente no seu micropoema "Perspectiva", sobre o rio "da água que vai, sempre", mas floresce "por toda a margem".

NÃO FALO
AUTORA Ana Kehl de Moraes
EDITORA 7Letras
QUANTO R$ 25 (58 págs.)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.