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Crítica Exposição

Obras de Antonio Malta e Erika Verzutti fogem do circuito politicamente correto

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

SÃO OBRAS MAIS PRÓXIMAS DA PRAÇA DA SÉ DO QUE DOS SHOPPINGS CLIMATIZADOS QUE PULULAM NA CIDADE

O encontro é improvável, mas faz sentido: Antonio Malta e Erika Verzutti expõem cerca de 50 obras no Centro Cultural São Paulo, um conjunto caracterizado por elementos nada sedutores para o senso comum, como a deformidade e o estranho.

Malta tem a carreira marcada pela pintura dos anos 1980, já que foi um dos fundadores do histórico grupo Casa 7, em 1982, com Nuno Ramos e Rodrigo Andrade, entre outros, mas se desligou deles no ano seguinte.

Verzutti, uma geração mais jovem do que Malta, despontou na mostra "Antarctica Artes com a Folha", em 1996, e é mais integrada à cena contemporânea internacional.

Ambos, ele na tela, ela no tridimensional -como em "Bicho de Sete Cabeças", uma espécie de medusa que, em vez de serpentes, possui vegetais- criam formas orgânicas díspares, marcadas por estranhas justaposições.

No conjunto, são trabalhos que parecem estudos, rascunhos, nunca o produto final, mas que, por isso mesmo, lembram as colagens dos dadaístas, integrantes do movimento que criticou ferozmente o aburguesamento da arte moderna nas primeiras décadas do século 20.

DESLOCAMENTO

E, de certa forma, é também isso que torna tão marcante essa exposição, não por acaso num espaço público e um tanto alijado do circuito de grandes mostras.

A estranha obra de Malta e de Verzutti está totalmente deslocada do circuito de trabalhos bem acabados e politicamente corretos que reina no país dos emergentes.

São trabalhos que pedem uma percepção mais sensorial e menos formalista. Não são prontos para as salas com decoração cool nem obras que se destacam em feiras.

GAMBIARRA

No entanto, e por isso mesmo, são trabalhos que abordam estratégias culturais brasileiras, como a gambiarra, um termo até já desgastado, mas que, nesses trabalhos, reconquista força, no rearranjo de formas que ganham novos significados.

São obras, afinal, mais próximas da praça da Sé do que dos shoppings climatizados que pululam na cidade.

Que alívio.

ANTONIO MALTA E ERIKA VERZUTTI

QUANDO de ter. a sex., das 10h às 20h; sáb. e dom., das 10h às 18h; até 20/5
ONDE Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/3397-4002)
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO ótimo

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