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Crítica / Artes visuais

Exposição revela um De Chirico contemporâneo

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

As 11 esculturas, 55 pinturas e 66 gravuras de Giorgio de Chirico (1888-1978), expostas a partir de hoje no Masp na mostra "De Chirico: O Sentimento da Arquitetura", são praticamente todas da fase final de sua vida.

A exceção é o conjunto de 66 gravuras criadas para o livro "Calligrammes", de Apollinaire, de 1918.

Em geral, períodos distantes do nascedouro da linguagem do artista costumam ser menos valiosos -artística e mercadologicamente.

Um Picasso nos anos iniciais do cubismo, por exemplo, vale muito mais do que uma tela posterior do espanhol, pois são mais radicais e representam o nascimento de seu vocabulário. Obras tardias costumam ser uma variação menos eloquente.

Esse sentimento, contudo, não transparece em "O Sentimento da Arquitetura". Com curadoria de Maddalena d'Alfonso, a mostra reúne um conjunto significativo de obras, todas da Fundação Giorgio e Isa de Chirico, e aponta novas possibilidades de leitura para elas.

De Chirico é conhecido por suas pinturas metafísicas, composições singulares que colocam seres arquetípicos, por isso sem rosto, em imensos e desérticos espaços urbanos. Essa, afinal, é a sua assinatura, e a mostra contempla esse repertório visual em plena forma.

Nascido na Grécia, mas com a maior parte de sua carreira na Itália, De Chirico ainda é identificado com o surrealismo. De fato, suas obras sempre foram consideradas pelo poeta André Breton (1896-1966), o líder do movimento, sua melhor representação, mesmo que De Chirico não ficasse muito à vontade com a denominação.

Contudo, o que a curadora busca evidenciar nos três segmentos da exposição -o cenário arquitetônico, o enigma e a melancolia- é como, mesmo sendo um dos mais importantes nomes da arte moderna, De Chirico pode ser ainda vinculado ao pensamento conceitual da arte contemporânea.

Nesse sentido, as obras selecionadas apontam especialmente para como o artista retrata objetos cotidianos, deixando ao público a condição de decifrar seus possíveis significados.

Assim, o estranhamento que a obra de De Chirico propicia está em criar um repertório visual que afete o visitante, sem direcionar sua leitura, o que de fato é um procedimento contemporâneo.

DE CHIRICO
QUANDO de ter. a dom., das 11h às 18h; qui., até as 20h; até 20/5
ONDE Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 0/xx/11/3251-5644)
QUANTO R$ 15
AVALIAÇÃO ótimo

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