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Virou Febre

Sagas literárias conquistam milhões de leitores e criam novos heróis para essa geração

LILIAN RAMBALDI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
RODRIGO LEVINO
EDITOR-ASSISTENTE DA “FOLHA ILUSTRADA”

O fim das sagas "Harry Potter" e "Crepúsculo" deixou milhões de leitores à procura de novos ídolos.

Somadas, as obras das escritoras J.K Rowling e Stephenie Meyer venderam mais de 1,2 bilhão de livros.

Mas essa lacuna tem sido preenchida por novas obras, autores e heróis.

O mais "hypado" desses fenômenos literários recentes é "Jogos Vorazes", trilogia da americana Suzanne Collins cujo primeiro volume rendeu um filme homônimo, em cartaz nos cinemas desde sexta.

Para ter ideia do gigantismo da obra de Collins, basta dizer que a saga, iniciada em 2008, está há 163 semanas na lista dos mais vendidos nos EUA. Até agora, foram 30 milhões de exemplares no mundo, dos quais 80 mil no Brasil, onde saiu em 2010.

Mas o que faz de um livro um fenômeno a ponto de marcar milhões de adolescentes no mundo inteiro?

Para Brunno Maceno, 17, "em 'Jogos Vorazes' o leitor se vê em um mundo onde a fome é algo normal e a morte de seus amigos é inevitável. Foge do convencional porque tem lições de vida".

As tais lições são fruto de uma mistura de ficção científica, reality show, política e mitologia grega.

"Há uma influência no livro do mito de Teseu e o Minotauro, que conta como, em punição por ações passadas, Atenas tinha que enviar periodicamente sete rapazes e moças a Creta. Lá eram jogados no labirinto e devorados pelo Minotauro", diz Collins.

A autora adaptou o mito, que não deixa de ser trágico e violento, para um mundo pós-apocalíptico, dividido em 13 distritos.

Após uma rebelião do 13º Distrito, o governo resolve destruí-lo e criar um sangrento reality show. Nele, cada um dos 12 distritos remanescentes envia dois jovens para lutarem entre si até que apenas um dos 24 sobreviva.

Katniss Everdeen, a protagonista (que no cinema é vivida por Jennifer Lawrence), decide participar dos jogos para proteger a irmã caçula.

"É uma coisa diferente da mesmice de livros juvenis, pois fala do amor de amigos que se ajudam em um mundo sem esperanças", explica Íris Figueiredo, 19.

MUNDO SOMBRIO

Mas nem só de mitos gregos e reality shows -nem de bruxos e vampiros- vive a literatura juvenil.

Séries como "Mundo das Tintas" (Companhia das Letras), da alemã Cornélia Funke, e "A Era da Perfeição" (Galera Record), do americano Scott Westerfeld, disputam palmo a palmo uma legião de leitores brasileiros (veja quadro ao lado).

Em todos eles, jovens, alguns que recém descobriram ter poderes especiais, são levados a situações de risco.

No limite, eles refletem sobre responsabilidade, lealdade e sentimentos. Quase sempre isso acontece em um mundo distópico e sombrio.

É o caso de "Delírio", da americana Lauren Oliver. O romance, primeiro da série homônima, chegou às livrarias do Brasil neste mês.

Lá fora, a série de três livros já é um estouro. Foi publicada em 24 países e teve os direitos de adaptação para o cinema comprados pela Fox.

No universo criado pela escritora, o amor é considerado a pior das doenças e, para erradicá-la, o governo obriga que todos sejam curados ao completar 18 anos com uma intervenção cirúrgica.

Lena Haloway anseia por esse dia. Para ela, se livrar do amor é viver sem dor. Até que, pouco antes do tratamento, Lena se apaixona.

"O interessante é o amadurecimento dela conforme a leitura vai fluindo. Mal posso esperar pela continuação, 'Pandemônio'", empolga-se Monique Sperandio, 19.

No fim das contas, bruxos e vampiros não serão esquecidos. Mas, aos poucos, cedem lugar a novos ídolos e desafios que parecem tirar ainda mais o fôlego dos leitores.

AS SAGAS
Ambientadas em mundos distópicos, séries criam novos heróis e conflitos para uma geração

MUNDO DAS TINTAS, DE CORNÉLIA FUNKE
Um pai tem o poder de, lendo um livro em voz alta, trazer os personagens à vida. Meggie, a protagonista, terá de enfrentar Capricórnio, um vilão brutal, que veio ao mundo numa dessas leituras

A ERA DA PERFEIÇÃO, DE SCOTT WESTERFELD
Num futuro sombrio, os adolescentes esperam ansiosos o aniversário de 16 anos, quando serão submetidos a uma cirurgia plástica que corrigirá todas as suas imperfeições físicas, transformando-os em perfeitos

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