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Festival do bis

Apesar da diversidade, mostra de Curitiba repete diretores e companhias na programação

Fotos Fabiano Maisonnave/Folhapress
Prédio do campus Xiangshan da Academia de Arte
Prédio do campus Xiangshan da Academia de Arte

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A programação da Mostra Contemporânea do Festival de Curitiba, cuja 21ª edição começa hoje e segue até 8 de abril, continua abarcando gêneros diversos, do musical a experimentos de companhias. Mas, neste ano, essa diversidade inclui uma leve sensação de "déjà-vu".

Nas últimas edições, nomes de alguns diretores e de companhias têm se repetido no programa do festival, que pretende ser "uma vitrine do teatro brasileiro" - slogan divulgado anualmente.

Neste ano, serão 29 espetáculo na mostra oficial, com representação de seis Estados. Cerca de 350 espetáculos estarão no Fringe, a mostra paralela.

Gabriel Villela e Gilberto Gawronski lideram o ranking de diretores mais chamados. Nos últimos 12 anos, foram convidados -sete vezes o primeiro e seis vezes o segundo- para levar suas montagens ao festival (veja nesta página).

O Galpão também tem sido destacado pela curadoria. O grupo, que apresenta "Eclipse", baseado na obra de Anton Tchékhov (1860-1904), fez quatro participações nos últimos 12 anos.

Tânia Brandão, uma das curadoras, atribui a repetição a dois fatores principais: qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelos profissionais e alta produtividade.

"Quando nós [os três curadores do evento] nos reunimos para analisar a produção do teatro brasileiro, esses nomes aparecem com muita força, é difícil deixar o trabalho deles de fora", pondera.

BAIXA ROTATIVIDADE

Para ela, "o quadro de diretores do país também não se renova com frequência". A programação acaba sendo um reflexo desse fenômeno.

A seleção da organização é feita com base na produção do ano anterior à edição.

Os três curadores -Celso Curi, Lúcia Camargo e Tânia Brandão- assistem a espetáculos no Rio e em São Paulo, principalmente. Mas recebem material em vídeo e DVD de companhias de outras regiões.

Por fim, convidam nomes consagrados a fazerem, na capital paranaense, a estreia nacional de peças, como é o caso da Cia. de Ópera Seca, que mostra "Licht + Licht", com direção de Caetano Vilela.

Para o produtor Roberto Malta, que já participou de curadorias de festivais como o Ibero- Americano de Teatro de São Paulo, a seleção "parece preguiçosa". "Não é problema sério repetir nomes, mas parece que o festival não quer ousar, está preocupado com questões midiáticas."

Há quem defenda a postura. O crítico Macksen Luiz vê na repetição uma preocupação em "acompanhar a continuidade". Ele cita como exemplo o diretor Caetano Vilela, que levou "Travesties" em 2010. "Era uma proposta inovadora. Faz sentido convidá-lo novamente. Assim como Cibele Forjaz [de 'O Idiota']. São registros importantes dentro do festival."

Uma outra preocupação da organização é atender ao público local -o que explica a forte presença de produções do eixo Rio-SP. Segundo pesquisa da Secretaria de Turismo de Curitiba, 86% do público é formado por moradores da cidade.

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