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Crítica Ópera Theatro Municipal apresenta 'La Traviata' contemporânea SIDNEY MOLINACRÍTICO DA FOLHA No momento mais forte do segundo ato da ópera "La Traviata", de Verdi (1813-1901), Violetta está diante do amado sabendo que terá de renunciar a ele: "Amami Alfredo" é um gesto de despedida. Ao citar o mesmo tema no prelúdio orquestral inicial -mais de uma hora antes-, Verdi interrompe subitamente a resolução da melodia, lançando mão de um procedimento que é denominado, não por acaso, "cadência interrompida". É como se a ópera começasse acabada, já que uma dialética rigorosa arrancará a transviada ("traviata") cortesã de seu idílio para cumprir uma sina de dor e morte. Quando estreou, em 1853, "La Traviata" era contemporânea em tudo, o que justifica a busca de elos com o presente na montagem do diretor Daniele Abbado, em cartaz no Theatro Municipal. Sua ideia não é ambientar a obra no século 21, mas envolver a história -baseada em "A Dama das Camélias", de Dumas Filho- em formas usuais do teatro de hoje. Irina Dubrovskaya é uma Violetta de voz jovem e bonita, que segue as transformações da personagem com originalidade, sem medo de comparações. Roberto de Biasio canta a parte de Alfredo com facilidade e clareza, o que alia a notável senso camerístico e desenvoltura teatral. E Paolo Coni vive Giorgio Germont com musicalidade e sutileza. Abel Rocha (regente titular da Sinfônica Municipal) sabe dar o espaço devido a cada cantor sem descuidar do fluxo narrativo. Arrisca o tempo na medida. Na récita de estreia, poucos reparos: aqui e ali faltou reflexo da orquestra, atenção da protagonista, cuidado com o timbre das cordas. Sobressaem os méritos. Em dois acordes do "Prelúdio", Verdi foi capaz de resumir a triste história da "Traviata". A produção do Municipal faz jus a essa economia. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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