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Teatro

Marcio Abreu se destaca no teatro embaralhando atores e personagens

Diretor que gosta de brincar com conceitos de representação e distanciamento leva 3 peças a Curitiba

Abreu vai ao festival com "De Verdade", "Oxigênio" e "Isso te Interessa?", novidade da Cia. Brasileira de Teatro

GABRIELA MELLÃO
ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA

Ouve-se a expressão "de verdade" diversas vezes na peça "De Verdade", que se apresenta hoje no 21º Festival de Curitiba e estreia no Rio em abril. Ela sublinha a ânsia dos personagens da obra homônima do húngaro Sándor Márai (1900-89) em achar sentimentos autênticos.

Também traduz a essência da arte de Marcio Abreu, autor e diretor que é atualmente um dos principais nomes das artes cênicas nacionais, prestigiado sobretudo por seu trabalho à frente da Companhia Brasileira de Teatro, premiado grupo curitibano.

"Tenho memória de ir ao teatro e não me relacionar com a obra. Muitas vezes, há uma barreira", diz Abreu, que despejou suas inquietações em outras duas peças presentes na mostra paralela (Fringe) desta edição: "Isso te Interessa?", adaptação de "Bon, Saint-Cloud", da francesa Noëlle Renaude, que estreia no meio do ano em São Paulo, e "Oxigênio", do russo Ivan Viripaev -destaque de Curitiba-2011 que deu a Rodrigo Bolzan o último Prêmio Shell-SP de melhor ator.

A obsessão de Abreu por uma cena viva se revela no trânsito contínuo que os atores de suas montagens criam entre expor a si próprios e encarnar personagens.

Em "Isso te interessa?", esse movimento é radicalizado. Escrita na forma de uma poesia cênica, a obra retrata o cotidiano de uma família muito distante do ideal de felicidade. Os atores entram e saem de seus papeis continuamente, experimentando diferentes registros de representação e distanciamento.

Não encarnam personagens; são, antes de tudo, vozes sugestivas que criam uma ideia de família. "Levamos o trabalho do ator para um lugar extremo nessa peça", diz a atriz Giovana Soar.

Esse trânsito teatral perseguido por Abreu se inicia durante o processo criativo. Desde "Volta ao Dia", peça de 2002 que marcou a formação da companhia, o diretor se dedica a contaminar os atores com o texto, e vice-versa.

Algumas vezes, a obra se reorganiza a partir de depoimentos deles -caso de "Vida", que tomou Paulo Leminski (1944-89) como ponto de partida. Em outras, a relação dos atores com o texto é determinante na encenação. Em "Isso Te Interessa?", por exemplo, ela ajudou a definir as cenas que são dramatizadas e as que são narradas.

Para a atriz e iluminadora da companhia, Nadja Naira, o processo faz a obra se transformar num discurso pessoal do ator. "Deixamos de representar para apresentar."

A jornalista e a repórter-fotográfica viajaram a convite do Festival de Curitiba

DE VERDADE
QUANDO hoje, às 21h
ONDE teatro Guairinha (r. 15 de Novembro, s/n°, Curitiba, tel. 0/xx/41/3322-8191)
QUANTO R$ 50
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
INFORMAÇÕES www.festivaldecuritiba.com.br

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