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Acordo agiliza aprovação de projetos sobre N. Rodrigues

Herdeiros de escritor criam grupo multilateral

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Em uma audiência judicial descrita como "ótima" e "cordial" pelos envolvidos, os herdeiros de Nelson Rodrigues (1912-80) -filhos de três mulheres diferentes- chegaram a um acordo que deve agilizar as autorizações para que se façam trabalhos com as obras do escritor.

Na sessão, realizada anteontem, na 11ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio, os herdeiros decidiram criar um grupo de coordenação que será responsável por analisar cada projeto que for apresentado (para exposições, adaptações para cinema, teatro etc.).

A coordenação terá um representante de cada grupo de herdeiros do escritor: Nelsinho, 66, filho de Elza Rodrigues; Maria Lúcia, 58, filha de Yolanda Santos; e Daniela, 49, filha de Lúcia Cruz Lima (representada por seu advogado, Pedro Amaral).

O trio terá um prazo de dez dias para examinar as propostas encaminhadas (cada um ouvindo sua família) e decidir por maioria simples se as aceita ou não.

Depois, enviará os contratos para serem ratificados pelo inventariante judicial (nomeado em 2002 para administrar o espólio, devido às disputas entre os herdeiros) e pelo Ministério Público (que se manifesta para proteger os direitos de Daniela, que nasceu cega, surda e muda).

A decisão vem no momento em que, por conta do centenário de Nelson, proliferam projetos envolvendo sua obra -parte deles com participação dos filhos, como exposições comandadas por Nelsinho (no Rio) e por Maria Lúcia (em São Paulo).

Até então, as discordâncias entre os seis herdeiros (um deles, Joffre Rodrigues, filho de Elza, morto em 2010) faziam com que os interessados em trabalhar com a vasta obra teatral, literária e jornalística de Nelson Rodrigues penassem para conseguir liberar seus projetos.

"Foi um grande avanço, ficamos muito felizes", disse Sonia Rodrigues, 56, filha de Nelson com Yolanda. "Foi uma reunião entre pessoas que têm divergências, mas que chegaram ao acordo que podiam chegar."

Nelsinho Rodrigues disse que o clima da audiência "foi mais ameno, mais cordial".

"Isso vai agilizar as coisas, é bom para todo mundo e para a cultura brasileira."

BRIGA PELO ESPÓLIO

O acordo firmado pelos herdeiros não extingue, no entanto, as disputas judiciais que se arrastam há anos para definir quem tem direito a quê no espólio do escritor.

As principais discussões giram em torno da divisão dos direitos autorais -Elza Rodrigues, com quem Nelson se casou em comunhão total de bens e que é a única das mães de seus filhos ainda viva, argumenta na Justiça ter direito a metade desse patrimônio e de seu rendimento.

Os filhos dos outros relacionamentos, porém, contestam esse entendimento. Os pagamentos pelo uso da obra -como o da editora Nova Fronteira, que renovou direitos de publicação dos livros de Nelson por R$ 380 mil- vêm sendo feitos em juízo.

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