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Crítica Drama

Sem chantagem emocional, filme une traumas da ditadura ao Chile liberal

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A história recente do Chile, como a do Brasil e a da Argentina, tem oferecido aos cineastas a tragédia provocada por ferozes regimes militares como suporte para ficções engajadas ou que visam estimular tomadas de consciência.

"A Dançarina e o Ladrão" consegue explorar os recursos sentimentais de um drama nacional sem apelar para a chantagem, como fizeram alguns de nossos filmes.

Com direção do espanhol Fernando Trueba, o argentino Ricardo Darín como protagonista e colaboração do escritor chileno Antonio Skármeta no roteiro, a produção espanhola abarca as múltiplas facetas de uma cultura latina temperada com passionalismo e autoritarismo.

Darín faz Vergara Grey, veterano ladrão libertado em meio a um processo de anistia e que logo passa a ser seguido por Ángel, jovem trapaceiro que sonha com um grande golpe. O elemento histórico incorpora-se na figura de Victoria, uma bailarina traumatizada pelo desaparecimento dos pais no regime do general Augusto Pinochet.

Um terceiro fio da trama tece um nexo entre personagens da lei e do crime. Atualiza a face mais sombria do passado, demonstrando como o momento liberal adaptou, sem superar, aspectos nefastos da ditadura.

A sobreposição de temas e de tratamentos, que flutuam do trágico ao farsesco, põe em risco o equilíbrio.

Na segunda metade, no entanto, depois que cumpre a tarefa de tornar funcional o roteiro sobrecarregado de situações exemplares, Trueba consegue fazer fluir a aventura, sem precisar se ater apenas ao conteúdo das lições.

A DANÇARINHA E O LADRÃO

DIREÇÃO Fernando Trueba

PRODUÇÃO Espanha, 2009

ONDE Kinoplex Itaim, Bristol, Cine Livraria Cultura e circuito

CLASSIFICAÇÃO 16 anos

AVALIAÇÃO bom

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