Crítica Comédia

Longa se perde ao explorar o lado patético da protagonista

Sob a carapuça de comédia romântica, "Jovens Adultos" revela-se um amargo filme-tese sobre uma possível patologia contemporânea: a incapacidade de amadurecer.

É uma rara produção americana ligada a um grande estúdio (Paramount) que foge de obviedades e busca a complexidade, ainda que nem sempre o diretor Jason Reitman ("Juno" e "Amor sem Escalas") consiga se sair bem nos desafios a que se propõe.

O primeiro deles: como tornar suportável um filme em que a protagonista é quase intragável? Mavis Gary, personagem criada pela roteirista Diablo Cody (Oscar por "Juno") e defendida com dignidade por Charlize Theron, nada tem de simpática.

Apesar do esforço para que suas ações e razões sejam compreendidas pelo público, o fato é que sua patologia a torna uma figura patética.

O que nos leva ao segundo e mais complicado desafio do filme: como filmar o patético? Depois de receber o convite para o chá de bebê de seu ex-namorado (Patrick Wilson), Mavis volta à sua pequena cidade natal determinada a reconquistá-lo.

Interpreta precipitadamente o convite como pedido de socorro de um homem entediado com a vida de casado. Todas as atitudes de Mavis desembocam em situações constrangedoras que pioram ao longo do filme.

No fim de tudo, "Jovens Adultos" cai em uma terrível armadilha, na verdade criada pela própria condução da história. Reitman não consegue filmar o patético sem deixar a impressão de que está explorando um triste momento da degradação humana.

E filma o desfecho da personagem como um melodrama barato, que pode facilmente ser lido como uma punição severa a uma personagem má. E assim "Jovens Adultos" encerra mal uma jornada que começa interessante, mas se encaminha para uma solução fácil.

JOVENS ADULTOS

DIREÇÃO Jason Reitman

PRODUÇÃO EUA, 2011

ONDE Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca, Jardim Sul e circuito

CLASSIFICAÇÃO 12 anos

AVALIAÇÃO regular