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Diretor busca um 'sotaque nacional' em épico gaúcho

Jayme Monjardim filma adaptação de "O Tempo e o Vento", de Erico Veríssimo

Acento e escalação do elenco central, oriundo da televisão, incitam críticas na internet; estreia é em 2013

FELIPE BÄCHTOLD
ENVIADO ESPECIAL A PELOTAS (RS)

Diretor de obras marcantes da TV brasileira, como "Roque Santeiro" (1985) e "O Clone" (2001), Jayme Monjardim, 55, diz gostar de "contar histórias simples e populares".

Seu novo desafio é adaptar para o cinema o clássico "O Tempo e o Vento", de Erico Verissimo (1905-1975). Monjardim começou a filmar no fim de março, em Pelotas, sua versão do épico sobre o povoamento do Rio Grande do Sul.

É o segundo longa do diretor, que lançou em 2004 "Olga", sobre a judia alemã Olga Benário (1908-1942), produção que levou mais de 3 milhões de pessoas ao cinema.

O roteiro adaptado da obra destaca a personagem Bibiana, vivida por Fernanda Montenegro, 82, matriarca que rememora a história da família.

A trilogia de Verissimo deita em sete volumes a saga de um clã ao longo de mais de 200 anos, tendo como pano de fundo a formação do Estado e suas guerras. O filme se concentra nos dois primeiros livros, cuja história se encerra no fim do século 19.

Uma cidade cenográfica que fará as vezes da fictícia Santa Fé está sendo erguida em Bagé (sul do RS). A produção centrará esforços em externas, com cenas de batalhas campais e a participação de até 2.000 figurantes.

Monjardim retoma no filme a parceria com a escritora Letícia Wierzchowski, de "A Casa das Sete Mulheres", romance sobre a história da Revolução Farroupilha (1835-1845) que virou minissérie na Globo em 2003.

O elenco tem nomes como Cléo Pires, Marjorie Estiano e Thiago Lacerda, que viverá o capitão Rodrigo Cambará, tipo guerreiro de pouco caráter e encarnado por Tarcísio Meira em minissérie global dos anos 1980.

Na última semana de março, as primeiras tomadas foram feitas em um casarão do século 19 em Pelotas. Uma antiga fazenda de charque à beira de um rio foi transformada em QG da produção.

REFORMA NO CASARÃO

Para abrigar o set, a velha mansão passou por reformas, dentre as quais um reforço da estrutura do pavimento superior. O casarão será o "sobrado" da família Terra-Cambará, no qual os personagens ficam confinados durante uma guerra em Santa Fé.

No set, no último dia 30, Fernanda Montenegro fazia par atípico com Lacerda, caracterizado à Tarcísio Meira. Na sequência, a personagem da atriz entabula uma conversa imaginária com o capitão, com quem foi casada.

Lacerda diz que a ideia da versão para o cinema é "não pesar a mão" na questão regional. Carioca, o ator fala em "sensação de responsabilidade" por interpretar o papel do guerreiro, ícone gaúcho.

No Estado, personagens da obra de Erico Verissimo, como Ana Terra, viraram até nomes de ruas e prédios. Nas redes sociais, já há cobranças quanto ao sotaque a ser empregado e críticas ao elenco.

"É como filmar a Bíblia em Jerusalém", diz o diretor-assistente, Federico Bonani, sobre a "pressão" dos gaúchos. Monjardim já avisou que a produção terá "sotaque nacional": "Estou pintando o meu quadro. Cada um pode pintar o seu".

As filmagens vão até junho. A estreia no cinema está prevista para o primeiro semestre de 2013. Ainda no próximo ano, o filme deve ser transformado em minissérie para exibição na Globo.

A produção se gaba de ser a primeira no país a usar um tipo de câmera com mais definição na captura digital. A qualidade de imagem alcançada pelo equipamento se aproxima da obtida com a película. O diferencial aqui, segundo os produtores, é que a câmera oferece recursos de edição inéditos.

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