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Quase, LOLLA, quase

Festival de Perry Farrell estreia no calendário de shows do país com line-up eclético e mais acertos do que erros

Zanone Fraissat
Público no gargarejo do palco principal do festival Lollapalooza, que ocorreu no sábado e no domingo em SP
Público no gargarejo do palco principal do festival Lollapalooza, que ocorreu no sábado e no domingo em SP

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Em sua estreia no Brasil, o festival Lollapalooza teve mais acertos do que erros. Apostou em dois nomes fortes para puxar venda de ingressos e preencheu a programação com bandas estrangeiras emergentes e brasileiros veteranos -soluções baratas.

Somada a essa fórmula de "line-up", escolheu o Jockey Club de São Paulo, de fácil acesso para o público e com espaço suficiente para permitir qualquer configuração de palcos que os organizadores tivessem na cabeça.

Com o sábado lotado de fãs da banda norte-americana Foo Fighters e o dia de ontem bem cheio de seguidores dos ingleses do Arctic Monkeys, reuniu quase 140 mil pessoas, na imensa maioria com vinte e poucos anos.

É preciso realmente contar com vontade juvenil para encarar duas tardes de sol escaldante num local sem pontos de cobertura para aplacar o calor. Ou a chuva, que veio breve, mas bastante forte na noite de ontem

Como cartão de visitas, o festival organizado pelo roqueiro Perry Farrell (Jane's Addiction) há 20 anos nos Estados Unidos mostrou que pode entrar definitivamente no calendário brasileiro.

O Lollapalooza tem a seu favor buscar artistas de perfil diferente dos outros grandes eventos no país, como o SWU e o Rock in Rio. Estes apostam na quantidade de bandas e em nomes que atingem também o público mais velho. Daí escalar atrações de rock clássico e de pop radiofônico.

Dos outros festivais, quem mais se aproxima do estilo do Lollapalooza é o Planeta Terra. Mas este foca mais o rock "indie" inglês, enquanto o festival de Farrell tem a cara eclética e esquisitona de seu criador. Só sua predileção pessoal explica a escalação nos dois palcos principais de nomes (muito) desconhecidos como Manchester Orchestra ou Band of Horses.

Mais famosos, mas ainda bem longe do primeiro time do rock mundial, são TV on the Radio, Foster the People, Friendly Fires e Cage the Elephant. São ainda alternativos, assim como seus cachês.

Além da escalação peculiar, uma outra característica do Lollapalooza parece agradar muito ao público brasileiro: o ingresso de valor único, sem áreas VIP e outras divisões. Isso atrai principalmente os mais jovens.

Assim, desde o começo da tarde de sábado, a área de shows era dominada pelos fãs do Foo Fighters.

Em compasso de espera, a tendência da plateia foi a de receber com carinho e entusiasmo as atrações ao longo do dia, fossem gringos em ascensão ou brasileiros mais conhecidos por gerações mais velhas do que aquela predominante ali.

Tocando nos melhores palcos mas nos piores horários, os cantores brasileiros Marcelo Nova e Wander Wildner e as bandas O Rappa e Plebe Rude (esta se apresentou ontem) resgataram hits nacionais de três décadas.

Ninguém parece ter saído do Jockey Club duvidando da força do festival. Em próximas edições, no entanto, o evento poderia reproduzir aqui algumas boas características do original americano, realizado anualmente em Chicago, no mês de agosto.

Entre elas, a grande e variada opção de alimentação, bem fraca e pobre em São Paulo, e uma preocupação visual de deixar tudo mais bonitinho e charmoso.

Ainda não foi o caso nesses dois dias de música no Jockey Club. Mas tem tudo para ser.

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