Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Folhateen

Pai, me banca?

Como convencer e ajudar os pais a pagarem seus estudos no exterior

JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando Ricardo Oliveira, 18, veio com a ideia de estudar um mês na Inglaterra, os pais tinham a resposta na ponta da língua: não podiam pagar a viagem.

Filho de funcionários públicos e irmão de outros quatro adolescentes, ele passou nove meses gestando a viagem: "Trabalhei como digitador de textos em casa mesmo, e fiz relógios de disco de vinil para vender", conta. Dos R$ 12 mil do custo da viagem, ele conseguiu R$ 7.500.

"Quando comecei a juntar o dinheiro ninguém colocava fé, mas quando cheguei aos R$ 5 mil minha mãe ficou orgulhosa", lembra.

Em dezembro do ano passado, Oliveira realizou o projeto de estudar inglês por um mês no exterior.

Já Rodrigo Oliveira, 18, recorreu a uma espécie de troca. "Quando pedi aos meus pais, eles disseram que era caro demais e que o foco era o vestibular", conta ele, que na época tinha 17 anos.

Foi daí que surgiu uma ideia: se ele passasse na faculdade no segundo semestre, então Seu Elias, 59, economizaria o dinheiro do cursinho e pagaria os seis meses de sol do filho na Austrália.

"Eu sabia quantos pontos precisava fazer para ficar na 'rabeira', então, era só controlar o número de acertos na prova", gaba-se o garoto, que conseguiu fazer a viagem.

NEGOCIE COM SEUS PAIS

Desde que alguns amigos fizeram um ano de "high-school" nos Estados Unidos, Aline Dias, 16, tenta convencer os pais a fazer o mesmo.

"Eles acham um gasto desnecessário porque não há segurança de que eu volte sabendo tudo de inglês."

Para a psicóloga Ana Paula Mallet Lima, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a dureza paterna nem sempre é financeira: "Há um impulso de castração por parte dos pais quando eles sentem que o filho está tendo acesso a coisas que eles não tiveram."

Na hora de lidar com a infantilidade dos próprios pais, a psicóloga recomenda paciência e argumentos racionais. "Lembre a eles que uma vivência no exterior pode te ajudar profissionalmente."

Mostrar que estudar no exterior não é um capricho e que você está disposto a abrir mão de outros gastos também pode funcionar.

APERTE O CINTO

Para Marina Motta, gerente de intercâmbio do STB (Student Travel Bureau), os programas que conciliam trabalho e estudo, e cujas inscrições para este ano já estão abertas, são ideais para quem está com pouco dinheiro. (leia ao lado)

Matheus Camargo, 15, acha que, realocando o dinheiro que os pais gastam na escola, ele conseguirá estudar nos EUA. "Se eu for estudar em uma escola pública, em nove meses conseguiria o dinheiro para o programa de um ano fora", conta.

Para o professor de finanças pessoais da Fundação Getúlio Vargas, Samy Dana, cortes de gasto devem sempre começar pelos supérfluos.

"Vejo meus alunos gastarem R$ 200, R$ 300 em uma festa. Alguns vão a essas festas toda semana. Só isso já seria um belo corte. Contas de celular, roupas caras, lanches fora, aulas de tênis, tudo isso custa bastante", defende.

Mudar de escola não é uma ideia a ser descartada. "Não é verdade que quanto mais cara a instituição mais qualidade ela tem. Pesquisar por opções mais em conta e com o mesmo nível educacional é interessante e o fato de a proposta partir do filho deve ser valorizada", opina Dana.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.