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Lucian Freud vira tema de supermostra em Londres

Exposição reúne várias fases do retratista alemão e inclui obra inédita

Além de 130 pinturas, a National Portrait Gallery expõe fotos que revelam o ateliê e o cotidiano do artista

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

A National Portrait Gallery de Londres exibe até o fim de maio a maior mostra já feita sobre o pintor figurativo Lucian Freud (1922-2011), considerado um dos grandes retratistas do século 20.

Intitulada Lucian Freud - Retratos, a exposição conta com 130 obras do neto de Sigmund Freud, desde a sua produção mais antiga até a mais recente -como o último quadro em que trabalhava, "Portrait of the Hound", até então inédito ao público.

A tela é a última no percurso da mostra e retrata David Dawson, o assistente do artista, com seu cachorro, Eli.

Sarah Howgate, curadora da exposição, afirma que Freud foi consultado com frequência sobre a seleção dos trabalhos, um processo que levou seis anos.

Ela conta que o artista sugeriu a inclusão de alguns retratos, mas que estava mais interessado em seguir pintando até sua morte, em julho do ano passado, aos 88 anos.

Freud retratou desde sua mãe, Lucie, até à rainha Elizabeth 2ª, passando pelo artista performático Leigh Bowery, figura que é objeto de diversos retratos da mostra.

Freud explorou novos modos de retratar pessoas nuas e se interessava por poses inusitadas, que muitas vezes parecem desconfortáveis.

A exposição é dividida em dez salas, por ordem cronológica. "Há evoluções significativas no estilo de Lucian, e procuramos mostrar o contraste entre os tons planos do começo e suas últimas pinturas", fala Howgate à Folha.

"A tela 'Mulher Sorrindo', de 1950, é um marco na mudança de Freud, quando passa a pintar de pé e com pincéis mais grossos, que permitem maior exploração de texturas", explica a curadora.

Um caso que ilustra o método de Freud é o retrato que fez de David Hockney, importante artista britânico.

Todos os dias, Hockney se deslocava cedo ao estúdio de Freud, onde permanecia até a hora do almoço. Enquanto o pintor preparava as tintas, conversavam sobre arte e amigos em comum.

Hockney calcula que a tela levou 130 horas para ser concluída. Quando pediu que Freud retribuísse o favor e posasse para um retrato, ele teve apenas duas horas e meia para fazê-lo.

"Os retratados por Lucian eram dedicados a posar para ele e estavam preparados para frequentes sessões, que muitas vezes duravam um longo período de tempo."

A mostra londrina conta com vários autorretratos, que mostram o pintor muitas vezes sisudo e seu envelhecimento. As fotos de seu assistente permitem que o visitante conheça um pouco mais do ateliê em que Freud pintava.

Há grandes filas para entrar na exposição, cujos ingressos custam 14 libras (R$ 40). A procura tem sido tão grande que a National Portrait Gallery recomenda reservas antecipadas para visitas.

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