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Toque de Nicolas

Mesmo acumulando série de fracassos nos EUA, o ator Nicolas Cage é o queridinho das bilheterias no Brasil, superando rendas até com filmes bobos

Darren Calabrese - 14.Set.11/Associated Press
Nicolas Cage
Nicolas Cage

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

Astro ganhador de Oscar, herói de ação e galã de comédia romântica. Nicolas Cage foi tudo isso. E com sucesso.

Mas, há dez anos, desde que fez um papel duplo em "Adaptação", de Spike Jonze, o ator de 48 anos não protagoniza um filme respeitado pela crítica.

Seu último sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, "A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos", já tem quase cinco anos. Desde então, sua saída tem sido a passagem pelo Brasil.

Se Cage enfrenta o desprezo em território norte-americano, por aqui ele reina tranquilamente.

Atualmente, o ator possui a segunda maior bilheteria do ano com a sequência "Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança".

O filme, que não rendeu nem metade da bilheteria do original nos EUA, já lucrou, desde fevereiro, mais de R$ 27 milhões no Brasil -o dobro de toda a carreira do primeiro longa no país.

"Esse fenômeno só aconteceu aqui", garante Laércio Bognar, diretor comercial da Imagem, distribuidora dos últimos longas de Cage em território nacional. "O Brasil é o melhor país para ele, porque há um público cativo."

"Motoqueiro Fantasma" faz parte de uma franquia e poderia ser um fenômeno isolado. Mas há números ainda mais contrastantes.

"Reféns", thriller do ano passado dirigido por Joel Schumacher ("Um Dia de Fúria"), foi lançado em dez salas nos EUA e rendeu míseros US$ 24 mil (R$ 43 mil).

No Brasil, o longa teve 350 mil ingressos vendidos e uma renda superior a R$ 3,5 milhões. "Foi um êxito incrível. Um filme ruim que deu certo", diz Bognar.

BOM DE LUCRO

Na semana de estreia de "John Carter: Entre Dois Mundos" no Brasil, em março passado, Nicolas Cage tinha dois filmes no top 10 nacional.

Além de "Motoqueiro Fantasma", outro suspense barato, "O Pacto", entrou em sexto lugar no ranking.

Não foi a estreia dos sonhos, mas lucrou quatro vezes mais do que nos EUA, com R$ 1,8 milhão.

Esses trabalhos de menor prestígio do ator tem um baixo custo de manutenção. Para comprar os direitos de distribuição de um longa como "Presságio" (2009), a distribuidora desembolsa cerca de R$ 1 milhão.

"Tratamos o filme como uma superprodução, mesmo sabendo que não era", fala Renata Ishihama, gerente de marketing da Paris Filmes, que teve o retorno de R$ 8,5 milhões com "Presságio".

Outro segredo do desempenho de Cage no Brasil é a escolha dos gêneros. Se não é ação desenfreada ou suspense bobo, o astro adora filmes que mexem com bruxaria ("Caça às Bruxas" e "O Aprendiz de Feiticeiro") e temas paranormais ("O Vidente").

"O sobrenatural e o terror são muito fortes no Brasil. Isso fala até mais alto que o nome do ator", afirma Paulo Sérgio Almeida, diretor do site Filme B, especializado em números de cinema no país.

"Eu realmente não sei qual é o segredo de Nicolas Cage", diz Laércio Bognar. "Ele está igual em todos os filmes, mas fazer o quê? O espectador brasileiro o adora."

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