Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Opinião

Só fascínio pela vida após a morte explica sucesso de Cage

Nos EUA, decadência do ator é clara, com bilheteria por filme em queda

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

O público de cinema no Brasil é fascinado pela vida após a morte.

Só isso pode explicar dois fenômenos de bilheteria tipicamente brasileiros. Em primeiro lugar, os filmes espíritas ("Nosso Lar", "Chico Xavier"), que sempre tiveram plateia numerosa por aqui.

Em segundo, a popularidade de um ator cuja carreira, pelo menos no resto do mundo, parece ter morrido há tempos: Nicolas Cage.

Enquanto no Brasil as atuações de Cage lotam cinemas, nos EUA sua decadência é clara. De seus últimos dez trabalhos, o único que não foi um fracasso completo é "Força G" (2009), um desenho em que ele faz uma das vozes.

Se tirarmos as animações, o último longa de Cage a fazer sucesso nos EUA foi "A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos", em 2007.

Na lista de atores de maior bilheteria nos EUA de todos os tempos, Cage ocupa uma respeitável 29ª posição, com um total de US$ 2,2 bilhões (R$ 4 bilhões) arrecadados.

Mas isso se deve a sua extensa filmografia, com mais de 60 títulos. Sua média por filme, no entanto, tem despencado com o tempo.

Hoje, numa lista de médias de bilheteria, Cage estaria em 604º lugar, com cerca de US$ 42 milhões (R$ 77 milhões) por filme, atrás de nomes pouco conhecidos, como Casey Affleck ("Treze Homens e um Novo Segredo").

Outro caso curioso de artistas que fizeram mais sucesso no Brasil que em boa parte do mundo é o da dupla de comediantes italianos Terence Hill e Bud Spencer.

No início dos anos 1970, estouraram por aqui com faroestes cômicos em que interpretavam os irmãos Trinity (Hill) e Bambino (Spencer).

O sucesso foi tanto que os dois acabaram filmando no Brasil ("Eu, Você, Ele e os Outros", de 1984) e fazendo participação no programa de TV "Os Trapalhões", em que Spencer, que havia trabalhado no consulado italiano no Recife, conversava em português com Renato Aragão e sua trupe.

Mas não é só no cinema comercial que o público brasileiro demonstra algumas preferências curiosas.

O que dizer de "Medos Privados em Lugares Públicos" (2006), de Alain Resnais, que ficou em cartaz por mais de três anos no país?

E Jean-Claude van Damme? Desde "O Grande Dragão Branco" (1988), o belga parece ter cativado os brasileiros.

Não apenas teve ótimas bilheterias por aqui, como protagonizou um dos momentos mais memoráveis do "trash" na TV, ao dançar coladinho com Gretchen a música "Conga, Conga, Conga" em programa de Gugu Liberato e depois tentar esconder, sob gargalhadas do apresentador e da plateia, uma constrangedora ereção.

Este momento glorioso está no YouTube, caso alguém o queira rever.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.