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Cinema

Lutadora protagoniza longa de Soderbergh

Diretor de "Traffic" e "Onze Homens e Um Segredo" traz Gina Carano no papel de uma agente que distribui sopapos

Decepcionado com fixação americana por fantasia, realizador quer tirar sabático, mas ainda prepara 3 filmes

MARIANE MORISAWA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BERLIM

Controle remoto à mão, Steven Soderbergh estava zapeando quando viu uma lutadora de MMA (artes marciais mistas) entrando no octógono. Daí surgiu a vontade de fazer "A Toda Prova", que estreia hoje no Brasil. "Se ela tivesse dito não, não haveria filme", contou o diretor à Folha, em Berlim.

Ela, no caso, é Gina Carano, o equivalente feminino de Anderson Silva. A lutadora encarna Mallory, agente que resgata, sequestra e mata a serviço de clientes privados. De repente, passa a ser perseguida e a dar pancada nos personagens de Channing Tatum, Michael Fassbender e Ewan McGregor.

Convencê-la não foi complicado. "O truque foi fazê-la acreditar que poderia atuar", disse Soderbergh. Por isso tentou cercá-la de pessoas experientes. "Gina nunca tinha feito um filme antes e, de repente, estava numa cena com Michael Douglas. É intenso."

Como sempre, juntar um elenco estelar foi fácil para o cineasta, queridinho de George Clooney, Matt Damon e Julia Roberts. "Há uma certa insensibilidade da parte dos diretores, uma falta de empatia pelo quão exposto alguém se sente quando está do lado de lá da câmera. E o objetivo deveria ser deixar os atores confortáveis o bastante para ficarem vulneráveis", afirma.

A equipe também tirou de letra as sequências de luta. "Normalmente, nos filmes de ação, há muita tapeação. Minha atitude era: temos gente aqui que pode fazer esse negócio. Esperava que pudesse parecer fresco ao público."

SABÁTICO

O resultado foi aquém do esperado -o longa arrecadou menos de US$ 19 milhões (cerca de R$ 34 milhões) nos EUA. "Acho que em Hollywood tudo está num 'modo fantasia' agora. O realismo não parece ter o apelo que costumava ter, ou não o que tem para mim."

Por conta desse quadro, o cineasta que costuma lançar um ou dois filmes por ano viu reforçada sua vontade de tirar um sabático.

"Mesmo se 'A Toda Prova' tivesse feito US$ 75 milhões [cerca de R$ 137 milhões], isso não teria afetado meu plano de dar um tempo", afirmou. "Estou fora de sintonia com aquilo que as pessoas estão interessadas em ver."

Nesse tempo livre, ele vai pintar quadros e talvez se engajar em política. "Fico alarmado quando vejo o rumo que tudo está tomando. Precisamos fazer algo. É necessário outro iluminismo."

Antes, porém, ainda tem um longa para estrear, "Magic Mike", sobre striptease masculino, e dois para terminar: "The Bitter Pill", com Rooney Mara (de "Os Homens que Não Amavam as Mulheres"), e "Behind the Candelabra", sobre o pianista Liberace (1919-1987).

Para um "workaholic" como Steven Soderbergh, um período de descanso vem precedido de muito trabalho.

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