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Crítica Suspense

Diretor supera mau roteiro e faz, curiosamente, seu melhor filme

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É delicado comentar esta incursão do brasileiro Heitor Dhalia nos EUA, cujo roteiro é mais esburacado do que rua de São Paulo.

No caso de "12 Horas", estamos em Portland, onde a jovem Jill vive com a irmã, Molly, após ter escapado meio que por milagre de um serial killer da região.

A polícia, porém, não acredita que Jill tenha sido sequestrada. Assim, quando Molly é raptada, ninguém se dá ao trabalho de procurá-la. Os tiras acham que fugiu para beber, farrear, chifrar o namorado ou algo do estilo.

A única preocupação da polícia, aparentemente, é perseguir Jill, tida como doente mental e perigosa. Por isso ela, sozinha, assume a tarefa de procurar a irmã.

Do ponto de vista de uma produção pequena, isso é até bem prático: temos quase todo o tempo uma personagem só (portanto, uma só atriz). O fato é que o tempo corre contra Jill, pois, acredita, Molly será morta quando anoitecer.

Como ela própria precisa se esquivar da perseguição policial, vê-se que estamos diante da receita do thriller hitchcockiano (usado por boa parte dos filmes da TV paga).

É verdade que um cineasta, quando chega aos EUA, não tem muito direito a palpitar sobre a produção para a qual foi contratado: é mais um mestre de obras do que outra coisa. É verdade, também, que ninguém é obrigado a filmar o que não quer (como Clint Eastwood já observou a colegas queixosos).

No entanto, e apesar de tudo, este me parece o melhor filme de Dhalia até hoje.

Pode-se argumentar que isso não é tanto assim, considerando-se sua obra pregressa. Ainda assim, constrangido a levar adiante um exercício de suspense com muito pouco a dizer, uma simples convenção, Dhalia buscou preservar a inteireza do suspense e, na maior parte do tempo, conseguiu, evitando, por exemplo, que virasse chacota entre os espectadores.

Deve-se admitir, porém, que a direção também não acrescenta nada ao texto rotineiro e falho nem cria para sua protagonista um estofo capaz de nos fazer esquecer as deficiências do roteiro: ela também é uma convenção.

Há problemas às pilhas, como se vê, e ainda assim o filme está menos à deriva do que "À Deriva", menos pessimista dândi do que "O Cheiro do Ralo", menos histérico do que "Nina". A experiência americana pode ser mais proveitosa para Dhalia do que parece à primeira vista.

12 HORAS

DIREÇÃO Heitor Dhalia
PRODUÇÃO EUA, 2012
COM Amanda Seyfried
ONDE Kinoplex Vila Olímpia, Playarte Bristol e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular

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