Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Bares e hotéis estão na mira de "O Hobbit"

Donos dos direitos sobre as obras de Tolkien querem acabar com homenagens piratas

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

Que tal encher a cara de Gollum ou dançar na Gandalf's? Se você não é fã de J.R.R. Tolkien, o autor de "O Senhor dos Anéis", provavelmente não arriscaria nenhuma das sugestões sem uma tradução apropriada.

A primeira é um drinque à base de vodca e limonada, e a segunda é uma balada na Cidade do Cabo, na África do Sul. Mas ambas podem deixar de existir.

No ano em que "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada", primeira parte do prólogo de "O Senhor dos Anéis", deve render bilhões nos cinemas, a Middle-Earth Enterprises, uma divisão da californiana The Saul Zaentz Company, pretende acabar com homenagens não autorizadas.

A vítima inicial foi a lanchonete Hungry Hobbit, em Moseley, na Inglaterra. A dona do estabelecimento recebeu uma intimação ordenando a retirada da referência ao personagem criado em 1937. Para evitar o processo, a proprietária pensa em limar a letra inicial do letreiro.

O novo alvo é o modesto The Hobbit Pub, em Southampton. Em março, A Saul Zaentz Company mandou uma carta intimando os proprietários a rebatizar o pub e os drinques temáticos de "O Senhor dos Anéis".

"O pub se chama The Hobbit há mais de 20 anos", conta a dona Stella Roberts. "Não tenho condições de enfrentar Hollywood. As pessoas vêm ao bar por causa do clima, e não pelo nome."

Em entrevista à Folha, o produtor Paul Zaentz, representante da Middle-Earth

Enterprises, acredita que tudo não passou de um mal-entendido. "Não queremos falir ninguém", revela o executivo. "Mandamos a carta para resolver amigavelmente, mas a responsável pelo pub entrou em desespero."

A ameaça de fechamento mobilizou a internet. Em questão de dias, a campanha "Save The Hobbit", criada por Heather Cartwright, um frequentadora do bar, conquistou 60 mil adeptos no Facebook. "Comecei como uma brincadeira. Não imaginei que fosse atrair tanta atenção", confessa Heather.

A campanha sensibilizou até atores que estão no elenco de "O Hobbit". "Às vezes, tenho vergonha da indústria da qual faço parte", escreveu Stephen Fry. Ian McKellen, o mago Gandalf, apoiou o colega: "Vou ao pub em julho, quando terminar de filmar".

A comoção, a princípio, deu certo. A empresa enviou um comunicado ao pub concedendo uma licença de uso do nome sob duas condições: 1) Mudanças para adequação da marca; e 2) O pagamento simbólico de US$ 100. "Mas os termos ainda não foram esclarecidos", afirma Roberts.

Os fãs já correm atrás de novas batalhas. Um hotelzinho no interior da Escócia, que usa habitações batizadas de Hobbit Microlodges, e a casa noturna Gandalf's serão protegidos pelos paladinos virtuais. "A briga continua", diz Heather Cartwright.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.