Coleção traz romance de formação de Vargas Llosa

Na Lima dos anos 1950, um jovem sonha em se tornar escritor enquanto se apaixona pela cunhada de seu tio, que tem o dobro de sua idade.

As formações sentimental e intelectual do escritor peruano Mario Vargas Llosa se entrelaçam em "Tia Júlia e o Escrevinhador", romance autobiográfico de 1977 e terceiro volume da coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no próximo domingo (22).

Em paralelo à aventura amorosa, o protagonista revê sua percepção da literatura ao conhecer Pedro Camacho, um autor de radionovelas famoso por suas histórias mirabolantes. É dessa narrativa despida de preconceitos que se mostra o multiculturalismo que marcaria o escritor.

A escrevinhação de Camacho, tão excêntrico quanto seus personagens, leva o jovem contista ao território kitsch da narrativa latina. Já o relacionamento amoroso com sua tia Júlia -não apenas mais velha mas também divorciada- abre alas para o fino erotismo de Vargas Llosa.

Escritos em forma de diário, cheios de detalhes e pensamentos por meio dos quais o leitor se torna confidente dos segredos do protagonista, os capítulos se misturam às novelas de Camacho.

Retratos da sociedade local, cada história surpreende a seu modo, como a do homem que teve a irmã devorada por ratos ou a do jovem que tem um caso com a irmã. A prosa de Vargas Llosa serve de vitrine a aspectos culturais e econômicos que se inscreveram no imaginário ibero-americano.

Composta por 25 volumes, a Coleção Folha reúne alguns dos maiores representantes da literatura em língua portuguesa e espanhola, que contribuíram de forma definitiva para a transcrição dos sentimentos que definiram a narrativa na Ibero-América.