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Crítica Drama Longa fascina por mistérios e pela entrega total dos atores PEDRO BUTCHERCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Há aqueles filmes que impressionam por sua precisão e transparência e há outros, como "Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios", que fascinam por suas imperfeições e mistérios. Nem adianta tentar se aproximar do novo longa-metragem de Beto Brant e Renato Ciasca pela cartilha do que hoje se convencionou ser o "bom cinema". Do ponto de vista dramatúrgico, o roteiro poderia facilmente ser rotulado de frouxo; do ponto de vista da imagem, não se vê na tela vestígio da estética publicitária dominante. No entanto, eles promovem um mergulho singular na alma de seus personagens, ao mesmo tempo em que retratam, com originalidade, o ambiente que os cerca. A história básica, inspirada em romance de Marçal Aquino, está narrada de forma clara, mas sem amarras. Cenas mais longas se alternam a outras bem curtas, muitas vezes separadas pelo "fade", não pelo corte seco. A câmera, fluida, acompanha os protagonistas de perto (mas sem histeria). Vez por outra, porém, se afasta para mostrar a paisagem em sequências que ganham um tratamento de cor singular. Esses elementos estéticos, no entanto, só ganham sentido porque estão a serviço de um registro raro do trabalho dos atores. Gustavo Machado, como o fotógrafo Cauby, e Zecarlos Machado, como o pastor Ernani, estão muito bem, mas seria injusto não reconhecer a surpreendente interpretação de Camila Pitanga, absolutamente comovente como a mulher do pastor e amante do fotógrafo. Linda e instável, sua Lavínia é digna de comparação à Mabel de Gena Rowlands em "Uma Mulher sob Influência", de John Cassavetes. São personagens poéticos, de espiritualidade profunda, que ganham carne e osso graças à entrega total das atrizes. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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